quinta-feira, 31 de março de 2011

Bayer lança Bayer Jovens Embaixadores Ambientais 2011

A Bayer Brasil lançou na última terça-feira, 29, a 8ª edição do Programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais, uma iniciativa da multinacional, com sede na Alemanha, e  o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA. O objetivo do Programa é incentivar jovens a desenvolverem projetos socioambientais que impactem localmente, mas que tenham replicabilidade e, com isso, possam ser desenvolvidos em outros lugares. Mais que isso, ele é uma oportunidade de troca de experiências e intercâmbio entre os participantes – e claro, é uma forma de reconhecer o trabalho desses jovens.

A edição deste ano vem com uma grande novidade: serão duas premiações! A ideia é dar oportunidade aos jovens que desenvolvem bons projetos mas não têm conhecimentos da língua inglesa. Estes 4 participarão de uma semana de atividades, no Brasil, que envolverá visitas a organizações/empresas que tenham bons projetos na área de sustentabilidade, além de palestras com especialistas e visitas as instações da empresa.

Os outros 4 vencedores, que devem possuir bom conhecimento em inglês, participarão de atividades semelhantes, mas num dos países  com as melhores práticas ambientais, a Alemanha. Lá encontrarão outros jovens de diversos outros países e compartilharão suas experiências.

Podem participar jovens estudantes, entre 18-24 anos, com ou sem conhecimentos de inglês, e que participem de projetos relacionados ao meio ambiente (e nessa área há ilimitadas possibilidades de projetos). As inscrições vão até 27 de julho, e as viagens ocorrem em setembro e outubro, no Brasil e Alemanha, respectivamente.

Uma outra novidade do Bayer Jovens 2011 é a tutoria dos Embaixadores 2010. Ok, eu sou um pouco suspeito para falar desse ponto, já que sou um desses tutores. Mas o objetivo e que nós possamos auxiliar os projetos inscritos, contando nossa experiência e os ajudando a partir de nosso background e projetos que trabalhamos.

O Programa é muito interessante, pois é realmente uma grande oportunidade de troca de experiências – e vocês têm testemunhado o quanto falo com orgulho dos outros ganhadores. A tendência é reunir gente muito boa…e ter a chance de estar em contato com essas pessoas, por si só, já seria uma grande premiação. Eu aconselho e incentivo a todos vocês que tenham/participem de algum projeto, independente, de uma organização ou associação de bairro, qualquer que seja, desde que a ideia de sustentabilidade e desenvolvimento econômico-sustentável seja abordada.

Como um dos tutores, estou à disposição para ajudar na inscrição, em como potencializar e o que priorizar nesse processo.

Enviem um e-mail para: diego.bayerjovens@gmail.com, que tão logo responderei. Por outro lado, se já está certo sobre o que fazer, inscreva-se aqui.

Como evitar conflito de interesse nas análises de impacto ambiental?

Vários analistas têm avaliado as causas da crise financeira para desenhar maneiras de evitá-la no futuro. Algumas das análises são úteis para as crises ambientais.

Segundo o economista Nouriel Roubini, um dos culpados pela crise financeira foram as agências de avaliação de risco. A função delas é avaliar a probabilidade de devedores pagarem suas dívidas. Desta forma, elas ajudariam os investidores a alocar seus investimentos com base no risco.

Originalmente, os investidores é que pagavam as agências para realizar as análises. Porém, o sistema mudou.

Quem passou a pagar pelas análises foram os emitentes de dívidas. Além disso, as agências passaram a dar consultoria para os emitentes sobre como deveriam estruturar a emissão de dívidas de maneira a obter uma boa classificação de risco. Estas duas situações caracterizam um enorme conflito de interesses já que as agências passaram a receber mais à medida que os emitentes de dívidas eram aprovados com boas avaliações de risco.

O que isso tem a ver com crises ambientais? No Brasil as empresas que propõe um investimento pagam para consultorias realizarem estudos de impacto ambiental. Além de avaliar os impactos, a consultoria propõe as medidas para compensar ou reduzir os danos que serão causados pelo investidor. Funcionários dos órgãos ambientais avaliam os estudos e aprovam ou não as medidas propostas.

Este sistema envolve o mesmo tipo de conflito de interesse das agências de classificação de risco financeiro. Quem paga os estudos tem interesse em que os riscos sejam ignorados ou subestimados. Já ouvi relatos de que consultorias cedem à pressão ou ao bônus de atender os investidores. Por outro lado, os funcionários dos órgãos públicos que devem avaliar os relatórios não têm o tempo nem os recursos para avaliá-los adequadamente.

À medida que vários investimentos vão sendo aprovados sem uma devida análise de impacto, corremos o risco de crises ambientais em larga escala assim como aconteceu na crise financeira.

Como resolver? Para tornar a análise de risco mais isenta Noriel Roubini sugere várias medidas. Dentre elas que os investidores contribuam para um fundo cujos recursos pagariam as análises de risco sem interferência de quem emite a dívida.

Este conceito poderia ser transplantado para a análise de risco ambiental. Neste caso, os investidores contribuiriam para um fundo público e os órgãos ambientais contratariam consultorias independentes para avaliar o risco. A contribuição para o fundo seria estabelecido com base na escala do empreendimento.

Noriel Roubini  e Stephen Mihm apresentam suas análises no livro A economia das Crises.

Editais da Fundação Grupo Boticário recebem propostas

A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza recebe, até o dia 31 de março, inscrições de propostas para o edital de apoio a projetos de conservação da natureza e para o edital Bio&Clima - Lagamar.

O Bio&Clima foi lançado neste ano para apoiar projetos envolvendo mudanças climáticas e seus efeitos na Mata Atlântica, especificamente na região do Mosaico de Áreas Protegidas do Lagamar, nos litorais do Paraná e do sul de São Paulo.

A Fundação Grupo Boticário não determina valores mínimo ou máximo para as propostas. Ao todo, será destinado o valor de R$ 300 mil para o primeiro edital Bio&Clima - Lagamar e R$ 500 mil para o edital de conservação da natureza.

Podem concorrer ao financiamento somente pessoas jurídicas sem fins lucrativos, como organizações não-governamentais ou fundações e associações privadas com projetos que se enquadram nas linhas temáticas dos dois editais. As inscrições devem ser efetuadas no site da Fundação Grupo Boticário, na seção O que fazemos > Editais > Como inscrever.

O resultado da seleção será comunicada no site da instituição e os projetos aprovados começarão a receber as doações a partir do mês de agosto.

Mônica Nunes/Ana Luíza Vastag - 30/03/2011 - Planeta Sustentável

terça-feira, 29 de março de 2011

O DIPLOMA ESTÁ CADA VEZ MAIS VERDE

Ligadas na necessidade de formar novos profissionais voltados para o meio ambiente e a sustentabilidade, universidades têm valorizado mais esses temas no currículo dos cursos.


Ano após ano, quem está sentado nas carteiras da universidade se vê mais próximo da sustentabilidade e do meio ambiente. Seja em cursos que não têm ligação direta com essas questões ambientais ou naqueles que já trazem a sustentabilidade na sua essência, o meio universitário está mudando pela exigência do mercado. Empresas querem profissionais aptos a lidar com os impactos ambientais dos negócios.
Para o presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-PR), o engenheiro agrônomo Álvaro Jr. Cabrini Júnior, a inclusão de temas ambientais nas faculdades é necessária e justificável. “A área é fundamental, pois sem o meio ambiente não existe sustentabilidade. Temos de produzir alimentos e energia e preservar o planeta. E não dá para preservar o planeta sem produzir, ou a existência humana sucumbe”.

As empresas precisam ter uma gestão ambiental e, no Paraná, as auditorias são obrigatórias, o que amplia a área de atuação dos estudantes que buscarem uma formação nessa área, segundo a bióloga Tamara Simone Van Laick, mestre em Inovação Tecnológica e doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Os profissionais “verdes” podem trabalhar como auditores ou consultores ambientais, treinar funcionários de empresas para a gestão ambiental, atuar junto do profissional de saúde e segurança no trabalho e cuidar do dimensionamento de estações, ensaios de tratabilidade, planos de gerenciamento de resíduos sólidos, plano de tratamento das emissões atmosféricas e tratamento de afluentes, entre outras atribuições. “Temos muitos alunos se formando como técnicos em gestão ambiental. A diferença principal entre eles e o engenheiro ambiental é que este pode assinar projetos para construção de obras”, explica Tamara.

O desafio na sala de aula

Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), novos cursos e disciplinas estão sendo criados para atender essa demanda, que também vem dos alunos. O curso de Engenharia Ambiental está sendo ofertado em novos câmpus e os mais recentes Tec¬nologia em Processos Ambientais e Tecnologia em Gestão Ambiental têm atraído cada vez mais estudantes. O diretor de graduação da UTFPR, Álvaro Peixoto de Alencar Neto, explica que mesmo nos cursos que não têm como característica principal a questão, o tema é trabalhado. “Há uma indicação nas diretrizes da instituição que os cursos devem incluir abordagens de questões de sustentabilidade. Mas a forma como cada um vai fazer isso é algo que ainda precisa ser discutido. Acrescentar uma disciplina não resolve a questão nem cria no aluno a cultura desejada. Ninguém tem uma fórmula pronta, mas sabemos que é necessário que as instituições não fiquem só nisso. Elas precisam ter ações integradas com outras disciplinas para discutir a questão”, conta.

A inserção dos temas ecológicos como transversais ao longo da formação é defendida pelo coordenador do programa de mestrado e doutorado em Gestão Ambiental da Universidade Po¬-sitivo, Mário Sérgio Michaliszyn. “Pode haver uma disciplina específica, mas ela não pode estar isolada. Assim como esses temas são transversais no ensino fundamental e no médio, devem ser tratados dessa forma também nas graduações”, afirma. Ele comenta que ainda há uma longa caminhada até que o ensino superior esteja maduro. “Embora os problemas ambientais estejam interferindo na nossa vida, esse ainda não é um conhecimento priorizado. Se analisar a grade curricular dos cursos de graduação de uma forma geral, poucos são os que contemplam essa questão dentro das diferentes disciplinas”, afirma.

Na grade
Confira exemplos de disciplinas que vêm sendo inseridas nos cursos universitários brasileiros:

- Projetos Sustentáveis
- Biodiversidade
- Monitoramento ambiental
- Ecoestratégia
- Ciências Ambientais
- Desenvolvimento Sustentável
- Direito Ambiental
- Agroecologia
- Energias renováveis
- Auditoria ambiental


De olho no mercado

“Não é modismo, é necessidade”, afirma o engenheiro civil José Fernando Arns, mestre em Planejamento de Cidades e doutor em Gestão Ambiental pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professor de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Arns é coordenador do projeto EcoHabitare, desenvolvido na instituição para aproximar os alunos ao mercado sustentável. Pelo projeto, estudantes de onze departamentos diferentes podem ter acesso a vivências de sustentabilidade, com foco na busca de soluções para o lixo e resíduos industriais.

“As empresas que contratam profissionais e estagiários voltados para a sustentabilidade estão colocando uma semente dentro da própria empresa. Por isso é muito valorizado um gestor ou um funcionário que tenha esse perfil e que queira trabalhar nessa área”, diz. O professor conta que apenas cerca de 7% das empresas da construção civil reciclam o lixo da obra (chamado de entulho) e que isso é exemplo de como o mercado ainda pode absorver muita mão de obra especializada em questões ambientais.
Para o presidente do Crea-PR, Álvaro Cabrini Júnior, o mercado precisa de profissionais e tecnologias voltados para o meio ambiente para mudar essa realidade. “Se as empresas não reciclam, é porque falta conhecimento, tecnologia, mercado regulado e mão de obra. Somente novas tecnologias e um novo profissional, com uma nova visão e propostas inovadoras, podem fazer com que o mercado absorva uma mudança de paradigma”, diz.

Fonte: Gazeta do Povo

Não tem nada da Amazônia? * por Carla Nobre

Está próximo o dia em que teremos em nossa terra querida o show de uma banda chamada RESTART. Minha filha ligou para mim na hora do trabalho enlouquecida dizendo onde eu podia comprar o seu ingresso. Seu entusiasmo era tamanho, que fiquei tentada a fazê-lo na mesma hora, mas acabei me atrasando e não o fiz.
Em casa foi o assunto do dia. Por isso, a noite, meu filho disse que salvou um vídeo onde essa banda falava mal da Amazônia. Eu não acreditei, mas não seria a primeira vez que isso iria ocorrer com a gente.
E, infelizmente, ele estava certo. Um dos calças-colorida (seria o nome mais adequado para a banda), disse que uma das cidades onde não tocou e gostaria de tocar, era o Amazonas. Primeiro, não é de se admirar que ele não saiba a diferença entre um estado, uma cidade ou mesmo uma região. Confundiu tudo…
Depois ele explicou porque seria legal tocar no Amazonas: imagina tocar num lugar só mato, onde não sabemos nem se tem público, civilização, em que a gente acha que não tem nada…
Coitado desse menino. Coitada da minha filha e da minha sobrinha. Coitados, os tantos adolescentes que compram essas calças coloridas…
Uma banda que não respeita seu público, que não conhece seu país.
Depois do than, than, than, than, um colorido que empobrece a nossa juventude.
Mas, como professora e de naturalidade amazônida, me sinto tentada a pedir que mais uma vez digamos ao Brasil, quem somos nós: o maior rio do mundo, as andorinhas no seu balé, o pirarucu no leite de coco, a super lua em muitos dias de cada ano, vento, vento, o cupuaçu estonteante, o marabaixo e sua tradição, o meio do mundo e seu poder místico, a pororoca e sua força, o açaí, a vastidão do curiaú…
Ah, Restart, o Amapá tem muito a te oferecer, mas eu não te ofereço mais a ingenuidade e a alegria da minha filha e da minha sobrinha. Elas não vão mais ao show.
Isso o Amapá não pode mais te oferecer. Entretanto, desejo que saia daqui refletindo que somos um país ainda bastante ignorante, porque alguns sempre se acharam mais civilizados do que outros, porque alguns sempre acharam que tinham mais a oferecer do que outros, porque alguns sempre se acharam melhor do que outros.
Isso é a tristeza da colonização. Vocês são a tristeza dela e da globalização…, mas égua, não, é melhor parar por aqui, isso são conceitos profundos demais para um calça-colorida.
CARLA NOBRE, POETA, PROFESSORA, MÃE

Comissão sobre Mudanças Climáticas retoma atividades na quarta-feira 30-04

Aproveitando a minha (Andre Alliana) estadia em Brasília pretendo acompanhar a Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas que retoma suas atividades na quarta-feira (30) com a eleição do presidente e do vice e a escolha do relator. Composta por 12 deputados e 12 senadores, a comissão permanente foi criada em 2008, com o objetivo de monitorar e fiscalizar as ações implementadas no Brasil para amenizar os impactos do aquecimento global.

Entre as atribuições da comissão está o acompanhamento do Plano Nacional de Mudanças Climáticas, das ações de ampliação das fontes renováveis de energia e das medidas de incentivo à ocupação ordenada do solo. A comissão também monitora e fiscaliza ações de promoção do gerenciamento adequado de resíduos sólidos e de controle da emissão dos gases de efeito estufa.

A reunião está marcada para as 14 horas no plenário 2 do Senado.
Da Redação/PCS

Andre Alliana  com dados da Agência Câmara de Notícias

segunda-feira, 28 de março de 2011

O aumento da incidência dos desastres naturais *por Marco Antonio Rocha

Dentro em breve os estudos sobre a viabilidade econômica de um país talvez não repousem apenas na fórmula clássica: recursos materiais abundantes, recursos humanos qualificados, extensão territorial, etc. Poderão incluir - e há quem já diga, deverão incluir - uma medição da propensão do país a sofrer desastres naturais e da proporção que esses desastres podem assumir na economia estudada.

Mesmo antes do terremoto/maremoto que varreu o Japão, isso já vinha ocupando algum tempo de trabalho entre economistas e planejadores de instituições internacionais.

Atrai a atenção, portanto, no momento em que o mundo acompanha, bastante perplexo, a espantosa tragédia que envolve uma das suas mais desenvolvidas economias, o alerta surgido na publicação Economic Premise, dedicada a estudos sobre a redução da pobreza e à promoção de uma rede mundial de gestão econômica - vinculada ao Banco Mundial, embora "não necessariamente reflita" os pontos de vista do Bird, como ela mesma esclarece.

Na sua edição número 52 a publicação traz um artigo, assinado por Vinod Thomas, cujo título sugere: É tempo de o Fator Desastre Natural ser incluído nos Cenários Macroeconômicos. Thomas é diretor-geral do IEG-Independent Evaluation Group, do Banco Mundial, e sua premissa de trabalho é de que os cenários com que os economistas e gestores trabalham hoje "raramente levam em consideração os resultados da crescente incidência, danos, e custos" dos desastres naturais. Em consequência disso, os governos e as organizações internacionais de ajuda não estabelecem planos, em caráter sistemático, para prevenir, mitigar e reparar os efeitos das violências da natureza.

No entanto, pelos fatos apontados no artigo, mais do que se justifica a exortação nele contida.

Recentemente, terremotos de séria magnitude abalaram não só o Japão, mas o Haiti e o Chile, e inundações catastróficas afetaram o Paquistão, a África Ocidental, o Sri Lanka, Brasil e Austrália, tudo num curto período de um ano e meio a dois anos.

A questão central é que, por razões não desvendadas cientificamente, parece estar havendo um incremento da incidência dessas calamidades: "Cerca de 2,6 bilhões de pessoas foram atingidas por catástrofes naturais nos últimos 10 anos, contra 1,6 bilhão na década precedente" - informa o articulista com base em estatísticas do Banco Mundial. Já de acordo com o Fundo Monetário Internacional, os custos dos danos causados por desastres naturais são hoje 15 vezes maiores do que nos anos 50. E, segundo estimativas recentes divulgadas na imprensa, as perdas provocadas pelo terremoto no Japão ascendem a mais de US$ 300 bilhões, algo entre 5% e 6% do PIB do país.

Mas há mais informações, em certa medida já consolidadas. A frequência de inundações e secas - desastres hidrometeorológicos - "aumentou dramaticamente nas últimas duas décadas", diz Thomas, acrescentando que a média de 150 desastres por ano, da década de 80, subiu para 370, no final dos 2000. E a isso se podem acrescentar as recentes perdas de colheitas e gado na Rússia de 2010 para 2011.

A pergunta, diante dessas tragédias repetidas, que levam as ruas a pensarem se "o mundo está acabando", é se isso tudo não seria já resultado da ação predatória do homem sobre a natureza. Não há resposta conclusiva, mas o fato de que a natureza foi até mais violenta nos períodos em que o homem ainda não tinha aparecido sugere que a condenação à nossa atividade não precisa ser radical. Afinal, só mesmo o homem tem meios de preservar a natureza e de restaurar o que ela destrói, ou só ele destrói e constrói coisas belas, segundo Caetano Veloso.

Mas não carece especular, diria o caipira. E, sim, pensar numa organização para prevenção dessas adversidades, para lidar com elas eficazmente e para reconstrução do que for destruído. É, pois, possível implementar políticas públicas voltadas especificamente para a finalidade de administrar catástrofes, planejar os meios de se advertir delas, proteger as populações, mitigar os danos e remediar os estragos e providenciar fundos financeiros para o trabalho de pós-desastre.

No Brasil, as comissões ou comitês de defesa civil, principalmente os que se têm mostrado mais eficazes nos piores desastres, podem ser fonte importante de informações sobre o que deve ser feito em situações emergenciais. Seria necessário montar um esquema de reunir as experiências desses grupos para delas tirar linhas de ações o mais padronizadas possível, assim como montar um inventário dos recursos mínimos que se devem ter à disposição nessas ocasiões.

Como diz o autor do artigo, é importante focar não apenas nos esforços de assistência no pós-desastre imediato, mas também em como tornar essas primeiras respostas mais efetivas no sentido de reduzir a vulnerabilidade a que ficam expostos os sobreviventes por longo tempo.

Tudo isso, ou seja, o conjunto de medidas preventivas, mitigadoras e restauradoras, tem de ser inserido como parte integrante de políticas nacionais antidesastre. O desastre natural não deve mais ser tratado como fato aleatório, e sim como ameaça constante. A cidade de São Paulo que o diga.

Autor: Marco Antonio Rocha - Jornalista


Marco Antonio Rocha
O Estado de S. Paulo - 28/03/2011
Marco Antonio Rocha
O Estado de S. Paulo - 28/03/2011

Autor(es): Marco Antonio Rocha
O Estado de S. Paulo - 28/03/2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

PV Pesadelo Verde - por *Alfredo Sirkis

          Ontem vivi o pesadelo verde. Vi o risco de desmoronar diante de meus olhos o sonho que tivemos em janeiro de 1986 quando juntamente com Gabeira, Herbert Daniel, Lucélia e um punhado de outros fundamos o PV, no teatro Clara Nunes. Nada indicava que aquela reunião da executiva nacional, na quinta-feira, 17 de março de 2011, em Brasília,  iria produzir algo tão kafquiano. Era a primeira reunião desde o segundo turno das eleições. Uma direção partidária que não se reunia a cinco meses (!) o que não significa que durante esses cinco meses o poder partidário deixara de ser exercido…
         
          Ao longo dos últimos anos instalou-se uma espécie de presidencialismo sub-reptício neste partido programaticamente parlamentarista. O presidente passou a exercer solitariamente boa parte do poder que caberia à direção do partido com o auxilio de um virtual politiburo (“a operativa”) à qual caberiam apenas tarefas burocráticas mas, como no precedente stalinista,  acabou se convertendo no órgão de deliberação, de fato,  no lugar de uma executiva balofa, de 58 membros, dos quais boa parte cooptada em barganhas que asseguravam o controle do PV nos estados por quadros fracos e sem representatividade social.

          A campanha de Marina Silva à presidência com seus quase 20 milhões de votos e quase 20% do eleitorado deveria ter sido o grande marco de transição para um novo partido que se abre para acolher esse extraordinário movimento. O partido encontra-se diante de uma oportunidade ímpar de crescimento, renovação, incorporação de novas energias. Esboçou-se claramente durante a campanha, na sociedade brasileira, um espaço gigantesco, fascinante,  no qual Marina jogou um papel catalisador. Mas dentro da nossa carapaça burocrática, cartorial e clientelista  começava a se gestar um discurso bizarro, mesquinho: “afinal o fenômeno Marina não foi tão bom assim para o PV porque o partido só elegeu um deputado a mais do que em 2006” Houve quem até comentasse, recentemente,  à luz da aposentadoria de Ronaldinho: “a era dos fenômenos acabou”. Marina passou a ser vista como um “problema”. Interessante enquanto “cereja” ou “chantili” mas estorvo quando vem aí com esse papo de democratização do PV.

          Acostumado há muitos anos à presença na direção do PV de pessoas intelectual, política e teoricamente totalmente despreparadas cuja cooptação se dá na lógica de assegurar a longevidade presidencial, também me acostumei, por outro lado,  a um certo bom senso de evitar romper radicalmente com os verdes históricos. Essa bizarra reação anti-Marina seria, na minha avalição inicial,  um ranger de dentes efêmero de pessoas que não entendiam a grandeza do que havia acontecido na campanha presidencial mas que, como bons companheiros, entenderiam melhor esse significado logo mais adiante. Por essa razão essas articulações e discursos a pé de ouvido não me preocuparam em demasia.

          Quinta-feira tudo começou aparentemente bem. Junto com alguns outros companheiros fiz uma análise do processo eleitoral, das novas perspectivas que se abriam e sobretudo da necessidade de uma transição democrática no PV. O PV sempre se debateu com o drama de querer fugir aos modelos de grupúsculo ideológico ou de partido eleitoreiro tradicional.  Constantemente viveu a dificuldade de  abrir espaço de participação a um universo de simpatizantes e eleitores muito heterogêneo, com múltiplos interesses, variadas formas de se relacionar com a questão ambiental e outras bandeiras verdes.  Um universo  de diversificadas motivações:  desde a tradicional aspiração a uma candidatura até a necessidade de apoio para enfrentar um problema de vizinhança em sua rua.

          Depois de muitas experiências traumáticas com as repetidas tentativas de controle por parte de políticos fisiológicos  o PV acabou se fechando no que para muitos apareceu como um “grupo de amigos”, o que, convenhamos, é melhor que um grupo de inimigos, mas não resolve o problema. Esse controle estrito pode ter sido importante para a sobrevivência do partido em seus momentos mais difíceis, nos anos 90 e 00,   mas deixou de corresponder à realidade de uma nova etapa.  Agora,  os verdes ou crescem quantitativa e qualitativamente junto com o movimento de opinião pública que suscitaram  ou estagnam e entram em decadência.

          A hora de começar a mudar é agora, depois daquele extraordinário resultado de 2010. Cabe a construção de um partido-rede.  Cada vez mais em todo o mundo se evidenciam as grandes possibilidades de mobilização e participação política com o uso da internet e das redes sociais. O  PV deve criar ou adaptar uma rede social para se relacionar com seus filiados de forma participativa e interativa integrando-os aos processos de decisão inclusive para a eleição das suas direções municipais, estaduais e nacional. Isso passa  por essa filtragem –coerente com a noção de “partido de quadros” e não “partido de massas” que o PV se propôs a construir–  por filados que demonstrem conhecer minimamente o Manifesto e o Programa verdes e  por uma certificação digital para efeito de participação nos processos de tomadas de decisões.  Mas devemos caminhar, gradualmente, para que as decisões deixem de ser de meia dúzia de dirigentes  apenas mas de milhares, potencialmente milhões de verdes em rede. Isso não é um processo imediato mas precisaria começar  a ser construído a partir de agora. O PV não pode ser visto senão como instrumento de uma causa e não a causa em si. Não pode ser simplesmente uma “coisa nossa” cuja tradução em italiano prefiro não mencionar aqui…

          Propus um calendário: 1) a correção imediata de certas graves anomalias regionais como as de alguns estados amazônicos onde tivemos dirigentes em conluio com oligarquias locais do tipo Casol ou Amazonino Mendes (!),  boicote à campanha de Marina e um resultado eleitoral nulo 2) uma rodada de seminários nos estados e um nacional sobre O Partido Verde dos Anos 10, 3) um Congresso de Atualização Programática incorporando o trabalho programático feito durante a campanha, inclusive a Agenda Verde do segundo turno ao programa do partido 4) e,  finalmente, em tempo hábil para a reta final do prazo de filiações para as eleições de 2012, nossa Convenção Nacional para eleger o novo Conselho que por sua vez elegeria uma nova executiva e esta seus cargos, inclusive a presidência.

          Todos aparentemente concordaram com essa linha de procedidmento e, também, com a noção de que nos últimos anos o partido sofrera uma deriva presidencialista anômala. Marco Mroz, Sergio Xavier, Mauricio Bruzadim e, finalmente, a própria Marina  falaram no mesmo sentido abrindo para o PV a perspectiva de assimilar os frutos da campanha e tomar o caminho de uma transição democrática que, na minha opinião, deveria resultar também numa transição generacional logo mais.  Penso que o partido não deve ser conduzido indefinidamente por sessentões e cinquentões. A campanha revelou uma juventude maravilhosa que pode em pouco tempo receber o bastão.

          Todos pareciam concordar. Eu estava tranqüilo, relaxado, feliz com o nosso partido que parecia acordar da letargia e dos bizarros rumores dos longos cinco meses pós-eleitorais. De repente alguém me avisou que o deputado José Sarney Filho ia propor uma pura e simples prorrogação, por um ano, do mandato daquela executiva, e, consequentemente –é claro–  do presidente  José Luiz Penna que está no seu décimo segundo ano como presidente. Minha indignação foi na medida da minha surpresa. Não  me passara pela cabeça que tendo, aparentemente,  maioria no conselho e provavelmente da convenção eles chegariam ao extremo da cara-de-pau de propor prorrogação de mandato apenas para poder assegurar-se ainda mais de que a coisa não lhes fugiria das mãos.  Que manteriam por mais uma ano  o poderzinho para poder, em seguida, se perpetuar no partido que assim insiste em permanecer alheio ao movimento da sociedade.

          Argumentamos que realizar uma convenção em ano eleitoral seria uma temeridade. Surgirá certamente um bom argumento para adia-la mais uma vez para não dividir o partido diante das eleições. Até lá já terão aderido ao governo e assegurado o controle completo do partido mediante os métodos tradicionais da política brasileira. Não reagi da maneira mais conveniente. Bater boca nunca é o melhor caminho, mas tem situações onde engolir sapo dá vômito, e se não der, dá câncer. O fato é que “estourei”. Logo mais surgui  a brilhante idéia de prorrogar pois dois anos! Seria apenas o bode na sala? Começo a acreditar que a palavra de ordem Penna Forever que vi num cartaz em São Paulo há tempos não é piada não. É sério: caminhamos para uma presidência vitalícia??? A quebra de confiança se instalou entre nós.

          Marina ficou perplexa ainda que não propriamente surpresa. A animosidade da burocracia no partido contra ela era algo que ela vinha reparando há tempos e  constantemente lhe garantindo que exagerava. Naquela hora percebi que não. Digamos que, na melhor das hipóteses,  criaram por ela uma relação amor-ódio. Amor pelo que de prestígio indireto pode lhes aportar. Ódio quando sua visão de transição democrática é vista como ameaça a seus poderzinhos…

          O fato é que aprovaram a moção de Sarney Filho por 29 votos a 16 com base a acordos com as clientelas internas que dominam muitos estados mantendo o partido na sua condição de vergonhosa estagnação, garantias de cargos e também o medo que existe em relação a qualquer mudança mais profunda no pequeno partido que somos, naquela nossa “coisa nossa”. Dirão que estou exagerando já que “quase tudo” de minha proposta foi aprovado e que é apenas uma questão de prazo: em vez de fazer a convenção em julho de 2011 fazer até março de 2012.

          Mas é uma diferença muito grande sempre que tivermos uma convencão já  em cima ou depois do prazo fatal de filiação em final de setembro de 2011. Mas a questão central não foi aquela decisão, em si,  mas tudo que ela sinaliza. Sinaliza a disposição de manter um presidencialismo com aparente vocação de, pelo andar da carruagem e sem piada, tornar-se vitalício. Significa a disposição de Penna e Sarney de romper com o setor mais histórico e ideológico dos verdes e afastar Marina –a não ser que sirvamos simplesmente de “chantili”, como ela define–,   mediante sucessivas rasteiras e levar o partido para o governo em conluio  com o novo partido de Kassab com o qual eles têm tido muitas reuniões. O sentido mais estratégico de tudo isso é anular os verdes como terceira força, desconstruir 20 milhões de votos, debandar 20% do eleitorado.

          O que nos resta? Digo aqui claramente que não admito o presidencialismo vitalício, o pensar pequeno, o fechar-se em um pequeno grupo o não abrir-se ao universo que emergiu na sociedade brasileira na campanha de Marina. Vamos esgotar todas as possibilidades de diálogo, discussão e esforço fraterno para fazer o PV recuperar seu  juizo, seu ideário, seu idealismo, sua identidade como instrumento, não como finalidade em si mesmo. Diz o nosso Manifesto: O Partido Verde se define como um movimento de cidadãos e não de políticos profissionais ou homens de aparelho. Considera que o povo brasileiro está descontente com a chamada “classe política” e almeja um tipo de representação e ação mais eficiente, desinteressada e moderna. O povo brasileiro está cansado de uma elite fisiológica, que vê na política não uma forma de representação das aspirações dos cidadãos, mas uma carreira profissional, um caminho de enriquecimento e poder individual.

          Há vinte cinco anos redigi este texto, aprovado pelo coletivo verde que criou po PV,  e continuo fiel a ele. Se, eventualmente,  tivermos que começar tudo de novo o faremos. Não seremos como garante Marina “uma fraude”,  um discurso falso, um consenso oco, um chantili, muito menos uma confraria de hipócritas.

*Alfredo Sirkis é jornalista, foi da resistência armada contra a Ditadura Militar de 1964, fundador do PV. Atualmente é Deputado federal pelo PV do Rio de Janeiro, de 1 de janeiro de 2011 até 2015

quinta-feira, 24 de março de 2011

Lei de Cooperativismo poderá ter artigos que contemplem os Catadores.

          Nesta semana, a senadora Gleisi Hoffmann (PT) esteve reunida, em Brasília, com representantes da organização das cooperativas do Brasil e do Paraná. O encontro teve como objetivo discutir a Lei do Cooperativismo, que está sendo analisada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e tem a relatoria sob a responsabilidade da senadora.
          
          São duas proposições que tramitam em conjunto: o PLS nº 3, de 2007,  de autoria do ex-senador Osmar Dias (PDT/PR) e o PLS nº 153/2007, que tem como autor o senador Eduardo Suplicy (PT/SP). Os projetos definem, por exemplo, o Sistema Cooperativista Nacional, tratam da observância da legislação específica nas atividades das cooperativas de crédito; especifica características obrigatórias da composição de cooperativas, entre outros.
          Segundo a senadora “É uma grande responsabilidade ser a relatora de um projeto que é de extrema importância para o país."
          Gleisi lembra que o assunto está nessa Casa há onze anos, desde que os senadores Osmar Dias e Eduardo Suplicy apresentaram pela primeira vez seus projetos de Lei. O tema, arquivado à época, voltou à discussão em 2007, com a apresentação dos PLS 3/2007 e PLS 153/2007, dos mesmos colegas Dias e Suplicy, respectivamente, tendo sido aprovados na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). “Meu objetivo é aproveitar o momento de renovação do Congresso para votar a matéria na Casa e encaminhar as propostas para análise na Câmara dos Deputados”, explica.
          Nesta semana, além da Ocepar e da OCB, Gleisi conversou com representantes da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes) para ouvir suas observações e reivindicações em relação à Lei do Cooperativismo.
          Semana que vem Andre Alliana, ex-presidente da Câmara Técnica de Saúde Saneamento Ambiental e Gestão de Resíduos do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, se reunirá com a Senadora afim de apresentar sugestões que contemplem as Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis.
          Os catadores que hoje se organizam em cooperativas têm o mesmo tratamento que as grandes cooperativas de agroindústrias ou de credito, porem sua condição organizativa e financeira não tem o mesmo patamar. É preciso tratamento diferenciado a essa classe para que ela possa se organizar.