quarta-feira, 21 de março de 2012

Cresce número de autuações pelo desconhecimento de obrigações legais ambientais

Por Renata Franco de Paula Gonçalves Moreno
          Na maioria das vezes, as autuações e aplicações de penalidade impostas às empresas pelos órgãos ambientais se dão não pelo desinteresse na proteção ambiental, mas sim pelo desconhecimento da exatidão e extensão das normas de controle. Questões muitas vezes simples, mas que demandam conhecimento específico de quem trabalha com a demanda legal ambiental.
          Um dos exemplos mais corriqueiros é a responsabilidade pelo dano ambiental. O empreendedor, o engenheiro de segurança e meio ambiente, e demais profissionais que se relacionam com a área ambiental imaginam que ao contratarem um terceiro, empresa idônea, para o transporte e disposição final de seus resíduos, estarão se “livrando” dos resíduos e da responsabilidade pelo transporte e disposição final dos mesmos. Ocorre que não é bem assim que acontece.
          A Constituição Federal Brasileira de 1988, no parágrafo 3º do art. 255, indica que qualquer atividade que cause degradação ambiental sujeitará seus infratores, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, à obrigação de reparar o dano causado e à sanções penais, sem prejuízo das demais (sanções civis e administrativas).
Esta norma constitucional foi devidamente regulamentada pelo art. 3º da Lei 9.605/98, consagrando a figura da responsabilidade penal da pessoa jurídica em casos de crimes ambientais. Entretanto, a responsabilidade da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade da pessoa física, sejam autoras, co-autoras ou partícipes. Tendo em vista a dificuldade de penalização da pessoa jurídica, tem-se admitido a presunção de responsabilidade em relação àquele que detém o poder de direção, o dever de zelo, de informação e de vigilância. Verifica-se, ainda, que o legislador antecipando-se a esta dificuldade, previu no artigo 21 da mesma Lei, penalidades de multa, pena restritiva de direito e/ou prestação de serviços à comunidade, às pessoas jurídicas no caso de infração ao disposto na lei supracitada.
          No que diz respeito à responsabilidade civil em matéria ambiental, a Lei n.º 6.938/81 adotou a teoria do risco da atividade para disciplinar os danos e as atividades lesivas ao ambiente. Vigora, portanto, a figura da responsabilidade civil objetiva, de sorte que, para apuração e reparação civil das condutas lesivas ao ambiente, é irrelevante verificar e discutir a existência de culpa ou dolo na conduta praticada pelo agente, não se aplicando ainda, as causas excludentes de responsabilidade, quais sejam: caso fortuito e força maior. Assim, uma vez que advindo dano ao ambiente haverá o dever de indenizar, ainda que a atividade causadora do dano seja autorizada pelo poder competente e obedeça aos padrões técnicos para o seu exercício.
          Portanto, diante das normas supracitadas, verifica-se a real possibilidade de responsabilidade civil, administrativa e criminal dos envolvidos em qualquer dano ambiental.
          Nesta esteia, alguns cuidados devem ser observados quando da realização da atividade e até mesmo quando na contratação dos trabalhos, a fim de se identificar, delimitar e minimizar os eventuais riscos existentes, decorrentes da atividade, obra ou serviço.
          De extrema importância é a escolha do prestador de serviço, o contrato celebrado entre as partes e o conhecimento, acompanhamento, observância e zelo das atividades realizadas por esse prestador de serviço.Voltando ao exemplo acima citado, mesmo que uma empresa tenha seus resíduos coletados e transportados por terceiro contratado e por única e exclusiva razão/vontade do motorista do caminhão que esteja transportando tais resíduos, esses sejam despejados no rio Tiête, na cidade de São Paulo, em tese, todos os envolvidos responderão pelo dano ambiental.
          Na esfera civil e administrativa, responderão a empresa geradora do resíduo, a empresa contratada para transporte/destinação final dos resíduos, bem como o motorista do caminhão. Os envolvidos com o evento danoso hipoteticamente citado, além de sofrerem sanções administrativas, imposições de penalidades pecuniárias, poderão deixar de contratar com o estado, terão que indenizar os terceiros afetados e recompor o meio ambiente ao status quo anterior ao dano. Poderão responder, além de inquérito civil e processo administrativo, à Ação Civil Pública, ação de indenização, dentre outras medidas jurídicas cabíveis. Na esfera penal, será analisada a participação de cada um dos envolvidos e responderão tanto as pessoas físicas, quanto jurídicas. Mesmo que não haja uma condenação penal, responderão todos a um inquérito criminal para apuração do grau de responsabilidade dos envolvidos.

          Portanto, é fundamental um conhecimento das normas ambientais, um acompanhamento, observância e zelo das atividades terceirizadas, além da pactuação mediante contrato, bem estruturado, com delimitação das obrigações e responsabilidades de cada uma das partes. Talvez, mesmo adotando tais medidas, não se elimine por completo eventual envolvimento em dano ambiental, mas certamente restringirá e minimizará os riscos envolvidos.
(*) Renata Franco é associada do escritório Emerenciano, Baggio e Associados, desenvolvendo trabalhos de consultoria ambiental para grandes empresas nacionais e internacionais. Graduada em Direito pela Universidade São Francisco, ela foi por dois anos consecutivos escolhida pelo Prêmio Análise Advocacia como uma das advogadas mais admiradas na área de Meio Ambiente no Brasil.

Texto publicado originariamente no site: http://revistasustentabilidade.com.br/

Cúpula dos Povos na Rio + 20

Assunto: O QUE É A CÚPULA DOS POVOS PARA A RIO+20 ?
A Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental é um evento organizado pela sociedade civil global que acontecerá entre os dias 15 e 23 de junho no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro – paralelamente à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD), a Rio+20.


Por quê?


A Rio+20 oficial marca os vinte anos da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92 ou Eco 92). Nestas duas décadas, a falta de ações para superar a injustiça social ambiental tem frustrado expectativas e desacreditado a ONU.
A pauta prevista para a Rio+20 oficial – a chamada “economia verde” e a institucionalidade global – é considerada por nós como insatisfatória para lidar com a crise do planeta, causada pelos modelos de produção e consumo capitalistas. Para enfrentar os desafios dessa crise sistêmica, a Cúpula dos Povos não será apenas um grande evento. Ela faz parte de um processo de acúmulos históricos e convergências das lutas locais, regionais e globais, que tem como marco político a luta anticapitalista, classista, antirracista, antipatriarcal e anti-homofóbica.
Queremos, assim, transformar o momento da Rio+20 numa oportunidade para tratar dos graves problemas enfrentados pela humanidade e demonstrar a força política dos povos organizados. “VENHA REIVENTAR O MUNDO” é o nosso chamado e o nosso convite à participação para as organizações e movimentos sociais do Brasil e do mundo.
A convocatória global para a Cúpula foi realizada durante o Fórum Social Temático (www.fstematico2012.org.br), em 28 de janeiro, em Porto Alegre (RS). O Fórum deste ano foi, aliás, preparatório para a Cúpula.

Como?

O Comitê Facilitador da Sociedade Civil para a Rio+20 (CFSC) está preparando o desenho da Cúpula dos Povos e do território que ocuparemos no Aterro do Flamengo. O espaço será organizado em grupos de discussão autogestionados, na Assembleia Permanente dos Povos e num espaço para organizações e movimentos sociais exporem, praticarem e dialogarem com a sociedade sobre suas experiências e projetos.
As ações da Cúpula estarão todas interligadas. A ideia é que a Assembleia Permanente dos Povos – o principal fórum político da Cúpula, se organize em torno de três eixos e debata as causas estruturais da atual crise civilizatória, sem fragmentá-la em crises específicas – energética, financeira, ambiental, alimentar. Com isso, esperamos afirmar paradigmas novos e alternativos construídos pelos povos e apontar a agenda política para o próximo período.

Quando?


Os dois primeiros dias da Cúpula (15 e 16 de junho) serão pautados por atividades organizadas pelos movimentos sociais locais, que estão em luta permanente de resistência aos impactos das grandes obras. Desde esse momento, já estará montado um espaço de livre acesso, onde organizações e movimentos da sociedade civil global exibirão experiências e projetos que evidenciam como é possível viver em sociedade de forma fraterna e sustentável, ao contrário do paradigma hoje vigente. Por isso, o território da Cúpula dos Povos será organizado de forma livre da presença corporativa e com base na economia solidária, agroecologia, em culturas digitais, ações de comunidades indígenas e quilombolas.
Esse encontro da cidadania, que também contará com atrações culturais, ficará aberto até o fim da Cúpula, no dia 23.
No dia 17, domingo, a organização da Cúpula prepara uma passeata para marcar o evento.
A partir do dia 18, começarão as discussões autogestionadas e a Assembleia Permanente dos Povos. O 20 de junho será o Dia da Mobilização Internacional, com manifestações que enviem uma mensagem clara e incisiva para a Rio+20 oficial. Quem organiza O grupo responsável pela organização da Cúpula dos Povos é o Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20 (CFSC). O CFSC é um grupo plural, formado por organizações, coletivos e redes da sociedade civil brasileira. Seu objetivo é articular e facilitar a participação da sociedade civil no processo iniciado pela Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável .
Criado formalmente em janeiro de 2011 durante o Fórum Social Mundial de Dakar (Senegal), o Comitê foi resultado de discussões realizadas ao longo de 2010 sobre a ideia de um evento paralelo à Rio+20 organizado pela sociedade civil: a Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental.

Entidades do GA - GRUPO ARTICULADOR

Como o objetivo é reunir e articular organizações e redes civis do mundo inteiro, uma reunião internacional do Comitê foi realizada em junho de 2011, no Rio de Janeiro. Representantes de mais de 30 países compareceram ao encontro, que deu origem a uma segunda reunião realizada em outubro do mesmo ano, em Porto Alegre. Nela, ampliaram-se os laços e as redes participantes desse percurso rumo à Cúpula dos Povos.

O Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20 tem assento na Comissão Nacional para a Rio+20 e também é considerado pela Rio+20 como grupo de articulação local (“host country liaison group“). O Comitê agrega uma grande diversidade de organizações da sociedade civil brasileira, atuantes nas mais diversas áreas – como direitos humanos, desenvolvimento, trabalho, meio-ambiente e sustentabilidade. Ele é coordenado pelo Grupo de Articulação (GA), composto por:


* Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong);
* Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB);
* Articulação do Semi-Árido (ASA);
* Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB)
* Central Única dos Trabalhadores do Brasil (CUT);
* Fórum Ecumênico ACT Brasil;
* Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq);
* Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen);
* Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES);
* Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS);
* Fórum Nacional da Reforma Urbana (FNRU);
* Grupo de Reflexão e Apoio ao Processo do Fórum Social Mundial (Grap);
* Grupo de Trabalho Amazônico (GTA);
* Forum Nacional de Entidades Civis de Defesa do Consumidor - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (FNECDC);
* Jubileu Sul;
* Kari-Oca;
* Marcha Mundial de Mulheres;
* Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Dhesca);
* Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais (Rede Brasil);
* Rede Brasileira de Agendas 21 Locais ( REBAL);
* Rede Brasileira de Educação Ambiental (Rebea);
* Rede Brasileira pela Integração dos Povos (Rebrip);
* Rede Cerrado * Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade (Rejuma);
* Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA);
* Via Campesina (VC);

O material produzido pelo GA já está e estará disponível na REBAL http://rebal21.ning.com/?xg_source=msg_mes_network e nossa atuação será discutida na reunião da rede durante o VII FORUM BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL em SALVADOR, no dia 28 de março de 2102. Todos estão convidados a comparecer ao encontro e a construirem nossa participação na Cúpula dos Povos, em nossa página.

Grande abraço em todos

Moderadores Rebal

GT de Comunicação


Visite Rede Brasileira de Agendas 21 Locais em: http://rebal21.ning.com/?xg_source=msg_mes_network

Texto reproduzido apartir do Blog Educação Ambiental Foz do Iguaçu-PR: Cúpula dos Povos na Rio + 20

segunda-feira, 19 de março de 2012

IBAMA e Circo Hermanos Rodrigues são condenados por maus-tratos a animais em Foz do Iguaçu

Semana passada a Segunda Vara Cível de Foz do Iguaçu julgou parcialmente procedente uma Ação Civil Pública proposta pela Associação Civil Reserva Brasil contra o Circo Hermanos Rodrigues e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (IBAMA), por conta dos maus-tratos sofridos por um macaco babuíno e quatro leões que estavam nas dependências do circo.


O IBAMA foi condenado a realizar palestras de cunho educativo ambiental em todas as escolas de ensino fundamental e médio de Foz do Iguaçu (PR) e o circo, ao pagamento de uma multa no valor de R$ 50 mil e a leitura de um texto sobre o teor da sentença no início de seus espetáculos.

Babuíno retirado do Circo Hermanos Rodriguez por maus-tratos.
Kimba é um babuíno-sagrado (Papio hamadryas),
um símio de origem africana macho, de cerca de 10 anos,
Ele foi  apreendido do Circo Hermanos Rodriguez, 
em 1 de maio de 2008.
 Esta é a sua chegada ao Zoológico de Curitiba (PR),
 em 3 de maio de 2008.
Enquanto aguardava um recinto definitivo,
Kimba ficava em quarentena num abrigo provisório.
(Fotos: ONCA)
Atualmente o macaco babuíno encontra-se no Zoológico Municipal de Curitiba, um dos leões encontra-se no Zoológico Municipal de Cascavel e os outros três leões estão sob a guarda de Mantenedores de Fauna Exótica escolhidos pelo IBAMA.

O Babuino Kimba, o pai, chegou a Curitiba em 2008 , após longo período de recuperação se tornou em 2010  papai do pequeno Babu,  o poqueno baduino recebeu esse nome após votação pela internet promovida pela Prefeitura de Curitiba. 


É bom lembrar que as partes ainda não foram intimadas da sentença, e poderão recorrer ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, localizado em Porto Alegre (RS), merecendo portanto o nosso acompanhamento.



quarta-feira, 7 de março de 2012

Projeto de construção de ciclovia é apresentado a ciclistas de Foz do Iguaçu


Orçamento da obra deve ficar em torno de R$ 700 mil e pretende unir diversos pontos da cidade
Andar de bicicleta nas grandes cidades tem se tornado cada vez mais perigoso. O aumento considerável no número de carros circulando pelas ruas, em virtude de uma melhora na economia nos últimos anos, fez com que ciclistas tivessem que redobrar os cuidados para circular, em meio a motoristas nem sempre pacientes no trânsito.

Além disso, as pessoas estão buscando uma melhor qualidade de vida e acabam tentando, de alguma maneira, diminuir a poluição emitida pelos veículos automotores. Desta forma, a bicicleta acaba se tornando uma solução mais viável de se conseguir estes resultados. Mas as cidades precisam ficar atentas para essas mudanças. Oferecer uma rota exclusiva para as bicicletas pode ser uma delas. E o primeiro passo já foi dado.
 
Em reunião realizada na semana passada entre representantes do executivo, Foztrans, legislativo e ciclistas de Foz do Iguaçu, foram discutidos exemplos de ciclovias e apresentado um projeto para a construção de uma específica em Foz, ligando vários pontos da cidade. O vereador Luiz Queiroga (DEM) esteve presente na reunião e disse que o valor estimado é de aproximadamente R$ 700 mil. “O projeto já está desenhado em um custo de quase 700 mil reais, quer dizer, é um custo alto. Vamos propor se fazemos metade dele, temos que ver de onde sairá o recurso para isso”, disse o vereador.
 
Roni de Andrade, um dos representantes dos ciclistas de Foz do Iguaçu, participa de um grupo de amigos que se reúnem semanalmente para pedalar por pontos do município. Segundo ele, na atuação situação está cada vez mais complicado praticar este esporte e o ideal é procurar locais afastados do grande centro, para evitar o movimento de carros.  
 
Foto: Arquivo pessoal
Roni de Andrade costuma pedalar longos quilômetros por Foz do Iguaçu e também outros municípios do Paraná

 
“É bastante precário, quando a gente combina os passeios a gente sempre procura sair do centro e das vias mais movimentadas, porque não tem espaço e é sempre complicado você dividir as vias com os motoristas. Por enquanto falta muito respeito dos motoristas e a falta de conhecimento da legislação onde é obrigatório se manter 1,5m de distância lateral para o ciclista, para não criar nenhum tipo de animosidade com o motorista e até para a nossa segurança”, comenta.
 
Roni ainda diferencia as ciclovias das ciclofaixas. “A ciclovia é uma via específica para bicicleta, delimitada com as chamadas ‘tartarugas’, separando das vias do carro. A ciclofaixa é feita somente uma pintura na via e ela pode ser, a exemplo de Curitiba, durante os dias da semana é utilizada normalmente pelos carros e nos finais de semana é usada somente por ciclistas”, explica.
 
Matéria de Bruno Zanette publicada originariamente no Portal ClickFoz

terça-feira, 6 de março de 2012

Ciclistas promovem Bicicletada Nacional

          Ciclistas promoverão nesta terça-feira (06), em diversas cidades brasileiras, a Bicicletada Nacional. O objetivo da manifestação será pedir prioridade para as bicicletas e ciclovias nas políticas públicas de mobilidade. As atividades ocorrerão simultaneamente a partir das 19h.
Fórum Mundial da Bicicleta, realizado em fevereiro em Porto Alegre.
Foto: Cristina Rodrigues
          Só na última semana ocorreram cinco mortes de ciclistas no país. Além da bióloga Juliana Dias, de 33 anos, atropelada na sexta-feira (02) por um ônibus na Avenida Paulista, em São Paulo, ciclistas foram mortos em Brasília (DF), Marituba (PA), Pernambuco e Santa Catarina.
          Enquanto isso, em Porto Alegre, bicicleta também não é prioridade, como afirma o texto de Cristina Rodrigues, no blog Somos Andando, que segue abaixo:
          Na lista de prioridades da Prefeitura para o trânsito de Porto Alegre não entram ciclovias ou qualquer tipo de planejamento de longo prazo que contemple o uso de bicicletas como meio de transporte. “A prioridade são veículos automotores e pedestres”, disse o coordenador de Projetos de Mobilidade da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Régulo Ferrari.
          Apesar disso, algumas ciclovias estão, sim, sendo construídas, fruto de pressão popular. Atualmente, estão em obras a da Ipiranga, de 9,4 km de extensão e realizada com investimentos do Grupo Zaffari e do shopping Praia de Belas, uma na Sertório e outra na Restinga. Por enquanto, a capital tem pouco mais de 7 km de ciclovias, a maior delas para lazer, enquanto o Plano Diretor Cicloviário, lei sancionada em 2009 pelo então prefeito José Fogaça, prevê 495 km de vias para ciclismo.
          Não existe uma previsão de quando esse plano vai ser concluído. Não existe sequer um planejamento que preveja a construção de um número cada vez maior de ciclovias ao longo dos próximos anos. Ferrari não sabe ao certo quantos quilômetros vão estar concluídos em 2014, ano de Copa do Mundo e que virou referência de planejamento urbano, como se o país tivesse que estar totalmente acabado e pronto para uso até lá. Ele chuta uns 50 km no total, considerando que ciclovias vão ser implementadas em algumas das vias que vão sofrer alterações até lá, como a Beira-Rio, a Severo Dullius.
          “É a típica política de parecer que está fazendo mais para agradar uma opinião pública que desconhece o tema do que fazer efetivamente, é mais um jogo pra torcida”, diz um dos organizadores do Fórum Mundial da Bicicleta, Marcelo Sgarbossa. Ele aponta problemas em duas das ciclovias que estão sendo construídas. A da Ipiranga seria cheia de obstáculos, como postes e árvores que afunilam a passagem, inviabilizando a mão dupla em muitos pontos, já que é construída junto ao Arroio Dilúvio, e não na pista. Além disso, ela não seria prática para o ciclista, pois vai obrigá-lo a trocar de lado do arroio cinco vezes durante o trajeto entre o Praia de Belas e a PUC. Já a da Restinga seria um problema por ser construída na calçada e tirar o lugar do pedestre, o que, para o ativista, não é o que se quer.
          Ferrari contra-argumenta que construir a via para ciclistas na pista colocaria em risco os pouco acostumados a andar de bicicleta no meio do trânsito, e que a ciclovia da Restinga tira um pedaço de uma calçada construída mais larga que o normal prevendo um alargamento da pista no futuro.
          Para Sgarbossa, essas questões pontuais são só um reflexo da lógica seguida pela Prefeitura quando trata do tema. “Fazer ali (na Ipiranga) e fazer em cima da calçada revela a política atual do prefeito atual, que é fazer onde não atrapalhe o carro. A lógica sempre é do carro. Enquanto for assim não avança, porque aí vai ter sempre o receio de atrapalhar o motorista”, critica. Ele diz que, para fazer na pista, em muitas ruas e avenidas não seria necessário nem tirar o estacionamento, apenas movê-lo um pouco para o centro e fazer a ciclovia por fora, o que inclusive protegeria o ciclista. Um exemplo citado como caso em que isso seria possível foi o da avenida Getúlio Vargas, no bairro Menino Deus.
          Através do Laboratório de Políticas Públicas e Sociais (Lappus), ele já protocolou um pedido de providências no Ministério Público, que abriu um inquérito pra investigar por que a Prefeitura não está cumprindo a lei municipal que prevê que 20% das multas de trânsito sejam destinadas a construção de ciclovias. O coordenador de Mobilidade Urbana da EPTC não sabe ao certo quanto é este valor e quanto dele está sendo revertido hoje para um sistema cicloviário na capital. Também não tem dados relativos ao custo da ciclovia da Ipiranga, nem como parâmetro de comparação que pudesse servir de base para obras futuras realizadas com investimento público.

 O trânsito não pode parar

          Régulo Ferrari diz que o principal impedimento para a construção de mais e melhores ciclovias é a fluidez do trânsito, que estaria ameaçada com uma possível diminuição das pistas para carros. Já para os ciclistas, as bicicletas seriam uma opção justamente para combater os problemas de trânsito devido ao excesso de carros nas ruas de Porto Alegre, que só tendem a aumentar. Hoje 93 novos veículos entram em circulação por dia na capital (dados referentes a 2010).
          Citei Londres como um exemplo durante a conversa com Ferrari. A capital britânica enfrenta um problema enorme de trânsito, o que a obriga até a medidas mais drásticas, como a cobrança de pedágio para que motoristas entrem no Centro. Apesar das ruas estreitas, no entanto, ela investiu em ciclovias e em sinalização para que o motorista respeite o ciclista. Ele também utiliza as pistas específicas para ônibus. O resultado é um número grande de bicicletas circulando pelas ruas, que acabam sendo respeitadas inclusive onde não há espaço para colocar ciclovia. E quem não tem a sua própria bicicleta pode alugar uma em decks espalhados por toda a região central, patrocinados por um banco inglês.
          Ferrari respondeu que Porto Alegre é muito complicada, que o trânsito já está ruim e que a solução é o motorista respeitar mais o ciclista. Para Sgarbossa, esse respeito começa a ser adquirido na medida em que as bicicletas vão ganhando as ruas, o que precisa de investimento público para que aconteça, com a construção de ciclovias sempre que for possível. Ou seja, nos 495 km apurados pelo estudo que está anexado ao Plano Diretor Cicloviário de 2009.
          Hoje, segundo o ciclista, “o pessoal só não anda porque tem medo de ser atropelado”. Uma pesquisa, realizada pela consultoria Logit em 2006 e presente no Resumo Executivo do Plano Diretor Cicloviário de Porto Alegre, aponta os fatores que atrapalham o uso da bicicleta. Medo de acidentes e falta de lugar seguro para deixar a bicicleta, os dois fatores sobre os quais o poder público pode atuar, somam 54% e encabeçam a lista, seguidos por medo de assalto, relevo, clima e tempo de viagem elevado. Os dados reforçam a tese de que o número de bicicletas nas ruas só vai aumentar mesmo quando o ciclista se sentir respeitado, o que acontece quando a bicicleta está presente no trânsito. “(O motorista) começa a ver o ciclista, né. Aí o neto dele começa a andar, o filho, o tio, o primo, e aí tu começa a respeitar. É que nem eu digo, meus pais dificilmente vão atropelar um ciclista, a não ser que seja um descuido, até do próprio ciclista, mas eles quando olham um ciclista eles me veem ali.” Para quebrar o círculo, é preciso investimento.
* Publicado originalmente no Brasil de Fato.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Empresa brasileira está instalada em terras de tribo isolada no Paraguai

Mulher Ayoreo.
Seus parentes isolados enfrentam a ameaça de desmatamento.
          O departamento para assuntos indígenas do governo paraguaio (INDI), confirmou que uma tribo isolada está vivendo em uma propriedade de uma empresa brasileira de pecuária instalada em terras paraguaias, na região do norte da região do Chaco.
          Uma investigação do INDI encontrou sinais claros da presença de índios Ayoreo, conhecidos também como “índios da tribo escondida” nas terras, que pertencem à empresa brasileira de pecuária River Plate e BBC S.A desde 2002. A evidência poderá render punições por parte do governo paraguaio a elas, que já foram acusadas de colocarem a vida dos Ayoreo em risco.
          “Os indígenas da área são forçados a fugirem para outras zonas de forma a evitarem serem descobertos… ignorar o conhecimento possuído pelos donos originais da floresta do Chaco seria um erro tolo”, alertou o INDI.
          De acordo com Rebecca Spooner, da ONG de direitos indígenas Survival International, é estranho que a empresa desconhecesse a existência desta tribo. “É difícil acreditar que em dez anos nenhum dos trabalhadores tenham cruzado com sinais de grupos isolados. Mas, claro, não é do interesse deles tornar isso público”, afirma.
          Imagens de satélite de 2011 revelaram a destruição de quase quatro mil hectares de floresta habitada pelos índios, fazendo com que as empresas fossem acusadas por desmatamento ilegal.
          Em fevereiro, um líder organização Ayoreo, Porai Picanerai, pediu ao procurador-geral do Paraguai que intervisse na região. “Nós lhe pedimos para que parem com o desmatamento no Chaco, e que punam aqueles que estão matando a floresta, da qual nós dependemos para sobreviver.”
          Para o diretor da Survival International, Stephen Corry, é hora de agir. “É encorajador o fato de o governo ter atendido os apelos dos Ayoreos para que se investigasse a presença de seus familiares isolados. Contudo, ações falam mais alto que discursos. O governo agora deve reprimir o desmatamento ilegal e garantir os direitos dos Ayoreo à terra, os quais eles têm demandado por mais de 20 anos. É imperativo para que a sobrevivência de seus familiares isolados seja salvaguardada”, cobrou.
          “O governo pode implementar emergencialmente medidas que isolem a área de pessoas de fora. E deveria começar o processo de devolução da terra aos proprietários originais, os Ayreo”, sugere Rebecca. “O governo tem dito que irá elaborar um plano emergencial em caso de contato e para evitar contatos indesejados. Ainda estamos esperando”, completa.
*Com informações da ONG Survival Internacional.
** Publicado originalmente na Carta Capital.

quinta-feira, 1 de março de 2012

A terra pede socorro

video muito bom e certamente correto!

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=NILipbaKDj8#!

A terra pede socorro

video muito bom e certamente correto!