A bolsa é oferecida pela Rede WWF com o objetivo de prover suporte financeiro para treinamentos e estudos em conservação ambiental.
O WWF trabalha constantemente por um futuro em que as pessoas vivam em harmonia com a natureza. Grande parte desse futuro depende da contribuição de jovens talentos que já trabalham em defesa do planeta no desenvolvimento de projetos de conservação. Para incentivar a atuação e o desenvolvimento destas iniciativas, foi criada a Bolsa Prince Bernhard.
Podem se candidatar estudantes e profissionais em conservação da África, Ásia/Pacífico, Leste Europeu, Oriente Médio, América Latina, Caribe e região do Mediterrâneo.
O recurso é válido apenas para cursos especializados em conservação ou áreas correlatas com término previsto para o período compreendido entre 1º de julho de 2014 e 30 de junho de 2015.
O valor da bolsa é de até 10.000 francos suíços.
As inscrições para o próximo período de seleção da bolsa terminam em 11 de janeiro de 2014.
Para se candidatar, acesse e preencha o formulário (em inglês) ao lado e encaminhe com os documentos solicitados para lep@wwf.org.br em formato *.pdf.
Confira mais detalhes em: www.panda.org/scholarships
Qualquer dúvida, entre em contato pelo email: lep@wwf.org.br.
NaturalMente é a união da inteligencia humana com o ambiente natural e sua perfeição. Disso surgiu esse blog ambiental, mantido por Andre Alliana e parceiros.
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
Ultrapassando Fronteiras
Não
é por acaso que as Cataratas do Iguaçu estão entre as sete maravilhas do mundo. Dentro
de um Sítio do Patrimônio Natural da Humanidade declarado pela Unesco, a
exuberante cachoeira despeja em média mais de 1,7 milhão de litros de água por segundo,
do alto de quedas que chegam a 80 metros de altura (Figura 1 e 2). No centro de uma gigante
área verde, as quedas d'água não são a única maravilha dessa região situada no
extremo oeste do estado do Paraná. O Parque Nacional do Iguaçu reserva cerca de
187mil hectares de área protegida que somados aos quase 67mil ha do Parque Nacional
Iguazú, na Argentina, cobrem uma grande área de proteção da Floresta Estacional
Semidecidual ou a Selva Paranaense, como também é conhecida a Mata Atlântica na
região (Figura 3). Minha pesquisa de doutorado, desenvolvida no Programa de Ciências Ambientais e Florestais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, trata justamente da cooperação entre os
dois países para a proteção dessa área e felizmente tenho a oportunidade de executar
esse trabalho em ambos os lados da fronteira.
Figura 1: Cataratas do Iguaçu.*
Figura 2: Cataratas do Iguaçu.*
Figura 3: Mata Atlântica no Parque Nacional do Iguaçu e Iguazú *
Em uma visita ao lado argentino
tive a oportunidade de acompanhar os guarda-parques (Figura 4) em uma de suas "recorridas",
ou seja, atividade que realizam mensalmente, em diferentes trechos do parque,
visando a sua proteção contra as atividades ilegais, como a caça (Figura 5) e retirada de
palmito (Figuras 6), semelhantes ao que ocorrem no Parque Nacional do Iguaçu. Saindo da sede administrativa
localizada na cidade de Puerto Iguazú, soube que nosso destino seria a Ruta
101, estrada que começa asfaltada à partir da Ruta 12*2, já em área do parque
argentino, até chegar no aeroporto. Deste ponto, segue cerca de 35km
como estrada de chão (muito enlamaçada em dia de chuva) (Figura 7), ainda em território
protegido, até chegar a cidade de Comandante Andresito, fronteira com a cidade
brasileira de Capanema. Próximo
ao seu destino, o trecho de terra está sendo substituído por pedra onde é
visível o alargamento do leito em torno de 3m (Figura 8). Segundo
meus colegas argentinos, seu destino provável é o asfaltamento completo. Perguntei
a opinião deles sobre a existência desta estrada, sua resposta é que ela
deveria ser fechada pois é a principal entrada para o estabelecimento de
atividades furtivas no parque e ocorrência de atropelamento de animais (Figura 9). Além disso, também relataram que a estrada é um caminho alternativo
para outras atividades ilegais semelhantes à realidade brasileira de passagem
de muamba vinda do Paraguai. É interessante ouvir isso de profissionais que tem
uma formação de excelência e, ressalto, interdisciplinar, exclusivamente para a
proteção da biodiversidade em seu país e financiados pelo Governo.
Figura 4: Guarda-parques argentinos.*
(Foto tirada em outra saída de campo, em área denominada "Palmital").
Figura 5: Apreensão de materiais de caça no Parque Nacional Iguazú.
(Imagem cedida pelo Parque - setor de guarda-parques)
Figura 6: Apreensão de palmito retirado ilegalmente do Parque Nacional do Iguazú
(Imagem cedida pelo Parque - setor de guarda-parques)
Figura 7: Trecho da Ruta 101.
Figura 8: Trecho da Ruta 101 sendo pavimentada com pedras.
Figura 9: Tamanduá atropelado em estrada que passa pelo Parque nacional do Iguazú.
(Imagem cedida pelo Parque - setor de guarda-parques)
Ao percorrer esse trecho da
estrada pensei na semelhança com a polêmica Estrada do
Colono, trecho irregular de 17 km que corta o parque brasileiro e liga Serranópolis
do Iguaçu a Capanema. O histórico da origem e dos conflitos quanto à abertura dessa estrada está exposto
em artigo escrito por André Alliana nesse mesmo blog (Não à reabertura da Estrada do Colono.), valendo uma consulta para melhor
contextualização. O importante a dizer é que hoje a floresta já tomou posse
desse espaço, fato que pode ser observado com uma visita a região (Figura 10, 11 e 12), agravando as
consequências de sua abertura para a Mata Atlântica e todos os seres vivos que
tem ali seu único refúgio.
Figura 10: Vegetação no antigo leito da Estrada do Colono.*
Figura 11: Marca de anta em árvore situada no antigo leito da Estrada do Colono.*
Figura 12: Pegada de felino no antigo leito da Estrada do Colono*
Este modelo de unidade de conservação da natureza, representado aqui, pelos Parques Nacionais do Iguaçu e Iguazú, dentro de uma estratégia global de conservação da biodiversidade, traz relevantes benefícios não só ambientais, como também sociais e econômicos. Infelizmente, esse ganho coletivo é manipulado em prol de objetivos políticos e econômicos baseados numa concepção individualista onde os beneficiados concentram-se em um pequeno grupo de pessoas. Ações de aproximação da população do entorno com o Parque que tragam reais benefícios para ambos podem e devem ser estimuladas, mas pautadas em estudos prévios que projetem sua efetividade e sem prejuízo à conservação da biodiversidade e das leis existentes.
Um dado relevante apresentado
pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estrada (Universidade Federal
de Lavras) é que 475 milhões por ano de animais morrem no país, vítimas de
atropelamentos em estradas, um pouco mais de dois "Brasis" em termos de
número de habitantes. As principais mortes estão entre pequenos roedores,
anfíbios, sapos, cobras e mesmo mamíferos como onça, tamanduá bandeira, lobo
guará, lontra, ariranha, dentre outros. Na Ruta 101 são mais frequentes os
atropelamentos de pequenos mamíferos na parte de chão e de grandes mamíferos na
parte asfaltada.
Refleti que a abertura da
Estrada do Colono somada à Ruta 101, formaria uma rota, um arco de atividades
furtivas na floresta, fato completamente incoerente com o principal objetivo de
um parque nacional que é a proteção da biodiversidade. Algumas pessoas podem
pensar "mas qual o problema de caçar um bichinho, de retirar uns palmitos?"
ou "tem tanto bicho, alguns morrerem atropelados não vai fazer diferença?",
na verdade existem vários problemas. Um deles é ético, todos os seres vivos tem direito a vida, esse é um dos
princípios de conservação da natureza e que inclui eu, você e todos os outros
seres. Outro, ecológico, refere-se à
manutenção da vida na terra da forma que a gente conhece, quem já ouviu falar
em cadeia alimentar, extinção de espécies, serviços ambientais? Então, quando
algum ser vivo morre, especialmente em maior quantidade, afetará a alimentação
de outros tantos, os eventos repetidos de morte levam à extinção de algumas
espécies, gerando um efeito em cadeia. Ou seja, serão afetadas aquelas que
estão sendo mortas pelo distúrbio externo (como a caça, o atropelamento ou a
retirada de palmitos) e aquelas que dependem dessas para sobreviver.
Dentre
essas espécies, está o ser humano, animal (sim, animal) que depende totalmente
desses diversos outros seres para ter o conforto
climático de suas casas, o ar oxigenado que entra em seus pulmões, a água
fresca que hidrata o seu corpo, dentre tantos outros benefícios. A nossa
contribuição nesse trabalho coletivo é também muito importante, o mínimo que
podemos fazer é dar espaço para que esses tantos outros seres façam a deles.
Portanto, essas áreas de conservação da natureza não foram criadas para serem nossa
posse, elas servem a um bem maior e existem regras a serem cumpridas
mesmo que não gostemos delas.
Essa visita reafirmou meu posicionamento, primeiramente, contra a abertura da Estrada do Colono pois não há uma razão clara e consistente dos objetivos e benefícios, sociais ou ambientais, que justifique a sua implementação. Pelo contrário, existem argumentos fortes dos seus potenciais prejuízos (Breve exposição desses argumentos: Porque a Estrada do Colono deve continuar para sempre fechada. e Dez motivos para a Estrada do Colono não passar.). E em segundo, quanto à importância de pensar a gestão dessas áreas a partir de uma visão integrada, ultrapassando as fronteiras, sejam elas políticas e/ou perceptivas/cognitivas.
Mudar de perspectiva ajuda a compreender melhor a realidade pessoal a partir do ponto de vista do outro. Conhecer melhor o parque argentino me mostrou que existem muito mais semelhanças do que diferenças em relação ao vizinho brasileiro. O potencial para o compartilhamento de seus pontos fortes, de cooperação na resolução de problemas é enorme e não deve ser ignorada. Em conjunto, os Parques Nacionais do Iguaçu e Iguazú constituem um importante patrimônio natural e uma fonte rica de aprendizado mútuo para a conservação da natureza na região.
Essa visita reafirmou meu posicionamento, primeiramente, contra a abertura da Estrada do Colono pois não há uma razão clara e consistente dos objetivos e benefícios, sociais ou ambientais, que justifique a sua implementação. Pelo contrário, existem argumentos fortes dos seus potenciais prejuízos (Breve exposição desses argumentos: Porque a Estrada do Colono deve continuar para sempre fechada. e Dez motivos para a Estrada do Colono não passar.). E em segundo, quanto à importância de pensar a gestão dessas áreas a partir de uma visão integrada, ultrapassando as fronteiras, sejam elas políticas e/ou perceptivas/cognitivas.
Mudar de perspectiva ajuda a compreender melhor a realidade pessoal a partir do ponto de vista do outro. Conhecer melhor o parque argentino me mostrou que existem muito mais semelhanças do que diferenças em relação ao vizinho brasileiro. O potencial para o compartilhamento de seus pontos fortes, de cooperação na resolução de problemas é enorme e não deve ser ignorada. Em conjunto, os Parques Nacionais do Iguaçu e Iguazú constituem um importante patrimônio natural e uma fonte rica de aprendizado mútuo para a conservação da natureza na região.
Figura 13: Pôr do Sol no Parque Nacional do Iguaçu visto do outro lado da fronteira (Argentina)*.
*Imagens do arquivo pessoal, jul., ago. e set./2013.
*2 Na data de publicação desse artigo (07/10/2013), morreu atropelada uma onça pintada na Ruta 12 (Otro yaguareté atropellado dentro del Parque), estrada asfaltada que conecta o centro de Puerto Iguazú à Ruta 101 e que também atravessa trecho do Parque Nacional Iguazú.
*2 Na data de publicação desse artigo (07/10/2013), morreu atropelada uma onça pintada na Ruta 12 (Otro yaguareté atropellado dentro del Parque), estrada asfaltada que conecta o centro de Puerto Iguazú à Ruta 101 e que também atravessa trecho do Parque Nacional Iguazú.
terça-feira, 1 de outubro de 2013
Prêmio Cidade Pró-Catador para reconhecer boas práticas de inclusão dos catadores de materiais recicláveis
O Prêmio Cidade Pró-Catador reconhecerá boas práticas de inclusão social
e econômica de catadores de materiais recicláveis, em especial na implantação
da coleta seletiva. Serão premiadas quatro iniciativas de municípios que se
destacam no desenvolvimento de políticas públicas junto aos catadores. As
inscrições já estão abertas e poderão ser feitas até o dia 25 de outubro.
Promovido pela Secretaria-Geral da Presidência da República, o Prêmio
tem a parceria do Ministério do Meio Ambiente, Fundação Banco do Brasil,
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Movimento Nacional dos
Catadores de Materiais Recicláveis. Dirigido aos municípios cujas práticas
estejam em sintonia com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o Prêmio visa
reconhecer as iniciativas de integração dos catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis em ações que envolvam a responsabilidade compartilhada
pelo ciclo de vida dos produtos. Algumas cidades já mantêm políticas que
possibilitam a inclusão de pessoas de baixa renda contribuindo para os esforços
do governo federal na superação da pobreza extrema.
O Prêmio Cidade Pró-Catador tem como objetivos reconhecer e dar
visibilidade às prefeituras cujas práticas com inclusão social e econômica de
catadores possam ser referências para incentivar outros municípios a também
implementarem iniciativas nesse campo; aprofundar o conhecimento dos gestores públicos
federais, estaduais e municipais sobre políticas públicas de reciclagem, coleta
seletiva e inclusão social e econômica de catadores e criar um banco de boas
práticas municipalistas.
Participe
2. Envie a ficha
preenchida para o email ciisc@presidencia.gov.br com o assunto "Prêmio
Cidade Pró-Catador - Inscrição"
Pré-Seleção
As inscrições serão feitas exclusivamente pelo site www.secretariageral.gov.br/procatador
até o dia 25 de outubro. A Comissão de Avaliação fará uma triagem de até
dez iniciativas que melhor se enquadrem nos critérios de boas práticas
definidos previamente. As iniciativas serão avaliadas in loco, com o registro
documental e fotográfico para compor banco de dados do Comitê Interministerial
para a Inclusão Social e Econômica de Catadores de Materiais Reutilizáveis e
Recicláveis - CIISC.
Avaliação e premiação
Entre as dez iniciativas avaliadas serão escolhidas quatro para serem
premiadas durante a cerimônia de honra no Natal da Presidenta com os catadores
de materiais recicláveis e população em situação de rua, em dezembro de 2013.
Dois representantes de cada experiência premiada - um gestor público municipal
e um catador – irão conhecer uma experiência de reciclagem em um país
referência com todas as despesas pagas. As premiadas também farão parte da
publicação do CIISC sobre boas práticas de ações municipais.
Informações sobre o Prêmio:
§ Telefones
(61) 3411-3176 ou 3411-2643 ou 3411-2946
§ Correio eletrônico:
ciisc@presidencia.gov.br
Assinar:
Postagens (Atom)