sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Não a reabertura Estrada do Colono

Sim a integridade do Parque Nacional do Iguaçu



Não, nós não podemos

Não, nós não podemos mais continuar sendo irresponsáveis com o futuro da humanidade, com a sustentabilidade, com a preservação da fauna e flora e com a perpetuação da raça humana!
            Não, nós não podemos mais continuar achando que isso é problema dos outros, algo longínquo da nossa realidade, os problemas são concretos, visíveis e há muito já batem às nossas portas e em nossas consciências, mesmo que não admitamos.
            Não, nós não podemos senhoras e senhores, continuar priorizando o lucro de poucos em detrimento do futuro de sete bilhões de terráqueos e de seus descendentes.
            Não, nós não podemos mais querer negar a verdade: “De que da complexa teia da vida, nós somos apenas um fio” (Fritjof Capra) e infelizmente em completa dissonância com a sustentabilidade; A busca insana pelo desenvolvimentismo precisa cessar!
            Não, nós não podemos, mais, cometer crimes ambientais e invadir áreas de preservação ambiental (em qualquer lugar e sob qualquer pretexto), sejamos responsáveis, pois se avizinha o dia em que os crimes contra a natureza serão considerados também crimes contra a humanidade.
 Não, nós não podemos mais,  sermos irresponsáveis com o eminente aquecimento global e a sua conseqüente calamidade pública.
Não, nós não podemos aceitar um discurso em defesa do meio ambiente se não estivermos dispostos a abrir mão das nossas comodidades.
Não, nós não podemos e não vamos aceitar a reabertura da Estrada do Colono em detrimento a integridade da unidade de conservação da natureza mais importante da mata atlântica.
Não, nos não podemos e não iremos abrir uma estrada que corta o Parque Nacional do Iguaçu, patrimônio da humanidade, ao meio e acaba com boa parte da sua diversidade biológica.

A Historia da Estrada

Há indícios históricos de que a abertura da Estrada do Colono teve origem na Coluna Prestes (1925 a 1927).
A partir da década de 30, a utilização da estrada passou a ser utilizada pelas famílias vindas do sul do País para se colonizar a região. O caminho conhecido como estrada do colono foi melhorado pelo governo do Estado do Paraná nos anos 50 para ter mais facilidade na colonização do oeste do estado. Inicialmente o trecho ligava Guarapuava a Foz do Iguaçu, sendo mais tarde ligada até Capanema.
Seu impacto no meio ambiente era muito menor porque seu trafego era muito pequeno e o parque abrangia uma região muito maior do que hoje 50 vezes menor.
A estrada do colono é uma ligação do oeste ao sudoeste do Paraná, um antigo caminho transformado em estrada onde seu trecho é de aproximadamente 17,6 KM.
A região onde passa a estrada trouxe muitas mudanças inclusive a de novos municípios para a região com a imensa derrubada da floresta, desencadeando a preocupação na conservação do parque nacional, pois ambientalistas começaram a lutar pela preservação do local as pesquisas feitas mostravam que com a estrada no meio do parque havia a perca da integridade das genéticas das espécies, extinção local de espécies, aumento de espécies exóticas comuns e quebra de importantes processos ecológicos como, por exemplo, a modificação do ambiente físico e químico, onde seus efeitos seriam notados a médio e me longo prazo.
Os primeiros anos da década de 80 foram marcados pela organização de diversas ONGs -  Organizações Não Governamentais  de caráter ambientalista. No Estado do Paraná em diversos municípios foram fundadas entidades de nome semelhantes chamada ADEAs – Associação de Defesa e Educação Ambiental Foi assim em Cascavel, Francisco Beltrão, Guarapuava, Ponta Grossa, etc. Em Foz do Iguaçu foi fundada a ADEAFI – Associação de defesa e Educação Ambiental de Foz do Iguaçu . Tendo como fundadores os ambientalistas Arnóbio Ferreira, Roberto Lang (biólogo) e Adelmo Muller (jornalista), entre outros.
Uma das primeiras atividades da ADEAFI foi justamente à luta pelo fechamento da Estrada do Colono, o que culminou em uma ação na justiça com esse objetivo.
Como resultado desse processo jurídico e graças a pressão desse, e diversos outros grupos de ambientalistas e ONG’s o fechamento da estrada é determinado pela justiça.
 O fechamento da estrada foi necessário já que a região do parque é uma área de preservação ambiental permanente, e a estrada traz impactos com a construção e o trafego de veículos sendo uma ameaça à biodiversidade, causando extinção de espécies, deixando o lugar mais luminoso modificando a temperatura e a umidade do local, trazendo a um longo prazo a “morte do ecossistema”.
Em 1986 a estrada é fechada pela primeira vez por meio de uma ordem judicial, trazendo descontentamento principalmente de agricultores, que diziam que o fechamento da estrada estanca o desenvolvimento, mas mesmo assim a estrada permaneceu fechada por volta de 10 anos.
Em 1997 forças políticas e agricultores da região, por meio de protesto abrem por conta própria a estrada, havendo até a cobrança de pedágio dos que por ali passavam.
Mesmo que para uma minoria ela ainda tenha uma importância significativa, é inegável que seu fechamento não traz nenhum transtorno grave com o devido respeito aos agricultores que na região vivem, mas a sua manutenção traz prejuízos à biodiversidade.
Por ação das promotorias públicas a justiça é acionada e ordena o fechamento no mês seguinte à invasão, entre os argumentos utilizados pela juíza era que antes ali havia apenas uma estrada carroçável, e estava se transformando em uma rodovia cascalhada com 12 metros de largura e com pedágio.
Depois disso a estrada ainda teve outros dois movimentos de reabertura ilegal: A primeira em Janeiro de 1998 sendo fechada apenas em Julho de 2001 e a última em outubro de 2003 sendo fechada no mesmo mês. e 1998 sendo fechada em luta pelo fechamento da Estrada do Colono, o que culminou em uma aç
Dentre os questionamentos de muitos agricultores é porque a estrada que leva até as cataratas é pavimentada e infraestrutura e a estrada do colono é fechada,
Outro argumento apresentado pelos defensores da reabertura é que com o fechamento da estrada do colono ouve um imenso prejuízo econômico para as regiões oeste e sudoeste do Paraná.
Ainda em 2003 a ADEAFI juntamente com o grupo denominado Amigos do Parque elaboram e divulgam um documento contestando esses argumentos e demonstrando as razões pela qual defendem a manutenção da integridade do Parque Nacional do Iguaçu.

O novo Projeto de Lei e a Audiência Pública de 11/11/11



O Deputado Assis do Couto apresentou no congresso nacional o Projeto de lei 7.123/2010 que cria a estrada-parque “Caminho do Colono”, no Parque Nacional do Iguaçu. O deputado federal Eduardo Sciarra é o presidente da Comissão Especial que vai analisar o Projeto que tem como relator o Deputado Nelson Padovani.
Os três estiveram juntamente com o deputado Dilseu Sperafico na audiência pública da Câmara Federal nesta sexta-feira no Município de Serranópolis do Iguaçu.
A audiência publica contou com a presença de diversos prefeitos e vereadores da região, do Bispo Emérito de Foz do Iguaçu Dom Laurindo Guizardi, além de lideranças e moradores do município.
O atual presidente da ADEAFI, André Alliana, foi o único que se manifestou contrário à reabertura da estrada, apresentando justificativas ambientais baseadas em dados técnicos expostos no documento apresentado já em 2003 pela entidade.


*Fontes: site www.historiaoffline.com e impresso da Comissão Especial da Câmara Federal destinada a proferir parecer a PL 7.123-2010 entregue nas audiências públicas especialmente convocadas.

 

Documento:

Porque a Estrada do Colono deve permanecer fechada?


Por que a estrada deve permanecer fechada?

1
. Inicialmente, o parque foi criado com a finalidade de proteger a floresta que envolve as Cataratas do Iguaçu, uma das mais belas paisagens naturais do planeta. Todas as atividades humanas que poderiam ser nocivas ao ambiente natural foram proibidas na área para assegurar à floresta condições plenas de desenvolvimento natural.
2. A proibição dessas atividades – agricultura, qualquer tipo de extrativismo, caça e pesca, entre outras – é possível porque os 185 mil hectares que formam o Parque Nacional do Iguaçu petencem ao governo federal. Portanto, são terras públicas que devem ser usadas apenas para as finalidades para as quais foram adquiridas ou mantidas em poder do Estado.
3. Quando o parque foi criado, em 1939, as informações disponíveis sobre os danos causados pela circulação de pessoas no interior do parque ainda eram escassas. Por isso, a estrada foi erroneamente tolerada durante muitos anos.
4. Com o desenvolvimento dos estudos científicos sobre conservação ambiental ficou comprovado que uma estrada causa danos diretos e progressivos à fauna e à flora, em qualquer ambiente natural, porque altera as condições originais. Por isso, quando se trata de área destinada a proteger esses ambientes, somente podem ser toleradas aquelas estradas necessárias aos serviços internos ou à visitação pública, nos espaços previamente definidos para isso. Estes novos conceitos passaram a ser utilizados para orientar os planos de manejo dos parques nacionais brasileiros.
5. Em 1981, um grupo de cientistas elaborou um cuidadoso estudo sobre o Parque Nacional do Iguaçu e definiu como zona de visitação a área que dá acesso às Cataratas e seu entorno imediato. A área cortada pela estrada do colono foi definida como zona intangível, isto é, de proteção máxima. O estudo determinou o fechamento da estrada.
6. O estudo apontava alguns dos danos causados diretamente pela estrada: corte e apanho de espécimes da flora silvestre; quebra ou outra danificação de espécimes da flora silvestre; perseguição, apanha ou caça de espécimes da fauna silvestre; atropelamento de espécimes da fauna silvestre. Para evitar esses dados, o estudo estabeleceu como norma que não seria permitido o uso público da estrada; a infra-estrutura deveria ser limitada a trilhas necessárias às atividades científicas, administrativas ou de proteção; fica proibido o uso de veículos auto-motores.
7. Em 1986, a estrada foi fechada. Estudos realizados posteriormente mostraram a importância dessa área para livre circulação da fauna. Estudos ainda mais recentes mostram que, numa área natural, é necessário um mínimo de 2 Km para amortizar o efeito externo. Aplicando-se este princípio, pode-se observar que o impacto de uma estrada de cerca de 18 km no Parque Nacional do Iguaçu acarreta, na realidade, uma perda de área protegida na ordem de 72 km2 (7.200 ha) o que representa cerca de 4% da área do parque. Ou seja, não se trata apenas de uma estrada, e sim da perda de quase 5% do Parque Nacional do Iguaçu. Vale destacar que toda área de uso turístico, freqüentada por cerca de 1 milhão de pessoas por ano, equivale a, aproximadamente, 5% da área total do parque. Ou seja, a Estrada do Colono, que atendia apenas a um pequeno grupo de pessoas, acarretava o mesmo grau de impacto de toda área de visitação às cataratas.
8. A estrada fragmentava o parque, provocando um efeito colateral gravíssimo porque praticamente isolava a parte oeste do parque, onde estão as Cataratas. Uma lei básica da conservação da natureza é de que uma Unidade de Conservação será tão mais eficiente para proteção da biodiversidade, quanto maior for seu tamanho. A fragmentação dos remanescentes provoca, inevitavelmente, a extinção de espécies. (Vale lembrar que a principal função de um parque nacional é a conservação dos recursos naturais que abriga).
9. Além dos impactos diretos da estrada, existem outros: sonoro, deposição de lixo não degradável, modificação dos escoamento hídrico natural, dispersão de doenças típicas de animais domésticos, presença de grãos tratados com produtos químicos ou de agrotóxicos transportados em caminhões;
10. Estudos realizados em 1999, para elaboração de um novo plano de manejo para o parque, comprovaram que as conseqüências da manutenção da estrada eram ainda mais severas do que se pensava. A compactação do solo modificou a circulação da água em largo trecho da floresta; a circulação de veículos movidos a gasolina afetou a flora e a fauna, provocando empobrecimento visível da paisagem na borda da estrada; algumas espécies da fauna e da flora foram particularmente afetadas.
11. Por isso, o plano recomendou o imediato fechamento da estrada e a execução de um projeto de recuperação baseado nos seguintes itens:

- remoção do cascalho que reveste o leito da estrada
- realização da escarificação/ subsolagem/ descompactação do leito da estrada.
- colocação de solo e fonte de matéria orgânica, que deverá estar livre de sementes de plantas exóticas, por isso, sugere-se utilizar torta de mamona, torta de farelo de algodão ou outra equivalente
- preparação do solo para receber as mudas e/ou sementes
- plantio com espécies nativas, devendo as mudas das árvores de estágio sucessional mais avançado devendo ser de aproximadamente 1 metro.
- remoção de manilhões e pontes do leito da estrada, durante os trabalhos de
- recomposição do leito.
- recuperação da margem direita do rio Iguaçu, onde a balsa atracava, com a mesma vegetação que ocorre naturalmente nas suas proximidades.
- a remoção dos sanitários, caixa d’água, calçamento e demais instalações construídos no interior do Parque, na margem direita do rio Iguaçu, à direita da estrada do colono, no sentido Serranópolis/Capanema.

O Parque Nacional do Iguaçu

- Os parques nacionais são áreas públicas destinadas à conservação da biodiversidade. São áreas rigorosamente protegidas, que pertencem a todos os brasileiros. Guardam a memória das florestas que estão desaparecendo e, por isso, têm enorme importância como banco genético de milhões de espécies. São fundamentais para abrigar a fauna ameaçada de extinção exatamente pela destruição de seus habitats. Guardam a memória de outros tempos da vida sobre a Terra e, por isso, são a melhor herança que se pode deixar para as gerações futuras.
• Parque Nacional do Iguaçu é um dos mais antigos do Brasil. E o maior parque fora da região amazônica e sua importância ultrapassa os limites nacionais, porque forma, ao lado do Parque Nacional de Iguazu, na Argentina, a maior reserva nativa da floresta estacional semidecidual da bacia do Prata, que já cobriu grandes extensões do sul do Brasil, Argentina, Paraguai e foi quase completamente destruída. Por isso, é considerado Patrimônio Natural da Humanidade. Quanto maior o parque, maiores são as possibilidades de assegurar a sobrevivência de todas as variedades de espécies dos ambientes originais. A fragmentação das áreas naturais provoca o inevitável empobrecimento da biodiversidade.
• Brasil tem atualmente 40 parques nacionais. Embora existam alguns grandes parques na região amazônica, o país é um dos mais pobres em áreas protegidas. Na Mata Atlântica, que está reduzida a 7% de sua área original, o número de parques é insignificante e quase todos são de pequeno porte.
• No Paraná, o Parque Nacional do Iguaçu tem enorme importância porque o tipo de floresta que protege praticamente desapareceu. É a mesma floresta que cobria praticamente metade do estado, nas regiões norte e oeste e que já não existe mais.
• A presença da floresta traz grandes benefícios para a população humana e para as atividades produtivas na região onde se encontra: a floresta retém a água da chuva e garante uma distribuição uniforme da água para os rios, mesmo em tempo de seca; garante maior equilíbrio ao clima; abriga insetos que fazem a polinização e os pássaros que disseminam sementes.
• Por fim, vale lembrar um pensamento de Edward Wilson, um dos mais respeitados cientistas modernos: Se nada mudar no tratamento dado à natureza pela civilização moderna, grande parte da imensa variedade de seres vivos que compõe a paisagem natural da Terra irá desaparecer nos próximos 25 anos. A grande floresta tropical que envolve o planeta será apenas um pobre simulacro da exuberância nativa. Teremos, então, perdido não apenas a riqueza da diversidade, mas a oportunidade de conhecer, mais a fundo, os ambientes primitivos onde a própria natureza humana surgiu e se desenvolveu. Será uma perda irreparável.

Algumas informações sobre a verdadeira importância da Estrada do Colono para a economia regional

Um dos argumentos mais utilizados para justificar a manutenção da estrada é de que seu fechamento provocou prejuízos calculados em R$5,6 bilhões para os municípios da região Sudoeste. Uma análise mais cuidadosa dos dados usados para chegar a essa cifra mostra que a metodologia utilizada desconsiderou alguns aspectos fundamentais em análise econômica e propiciou uma grande distorção de valores. A seguir, um resumo do estudo que analisou estas distorções.

a) conjuntura estadual

O estado do Paraná apresenta um quadro de forte concentração de valor adicionado. Apenas 14 municípios do estado têm participação superior a 1% no total do valor adicionado do estado, somando 60,25% desse valor. A maioria deles integra a mesorregião metropolitana e não tem a atividade primária como principal.
No período 75/96, a maioria das regiões do Paraná apresentou desempenho decrescente no valor adicionado total: a participação no valor adicionado total, no Noroeste Paranaense, decresceu relativamente de 11,21 % para 3,80%; no Centro-ocidental Paranaense, de 4.9% para 2,7%; no Norte Central Paranaense, de 25,71% para 14,74%; na Norte Pioneiro Paranaense, de 7.2% para 3,4%; na Centro Oriental, de 7,5% para 6,8% e na Sudoeste Paranaense, de 3,9% para 3,5%. Nesse contexto, é importante notar que a posição relativa do valor adicionado da agricultura registra perdas progressivas.
O valor adicionado cresceu em termos relativos nas áreas mais próximas à Curitiba e, notadamente, na Região Metropolitana de Curitiba, que passou de uma participação de 19,94% para 42,33%, definindo um quadro de concentração.
Nos demais municípios, o comportamento da agricultura influi decisivamente nas condições econômicas, como se pode verificar numa rápida cronologia da década de 80:

- 1980: a recessão não atingiu de forma intensa o Paraná pelo bom comportamento da agropecuária;
- 1984: recuperação da economia não se refletiu no Paraná, pelo comportamento negativo da produção agropecuária;
- 1986: apesar dos reflexos positivos do Plano de Estabilização, a economia do Paraná se manteve estagnada face à quebra da produção agropecuária associada à estiagem de fins de 1985 e início de 1986;
- 1987: a retração teve menor intensidade devido ao excelente desempenho da agropecuária;.
- 1988, o PIB do Paraná decresceu e o setor agropecuário teve queda de 9,7%;
- 1989, a economia cresceu 4,4% em função do bom desempenho da cultura do café e do setor industrial e comercial a ela vinculada.

b) a região

Mesmo diante desse quadro, o Sudoeste participava em 1975 com 3,9% e praticamente manteve-se nesse patamar, chegando em 1996, com 3,5%. Do ponto de vista da dinâmica populacional, a região apresentou um dos menores crescimentos do estado. Mais de 75% de seus municípios vêm registrando perdas populacionais nos últimos anos, num quadro de evasão que tende a se intensificar. A taxa de crescimento da população rural é de -2,94% para a região e todos os municípios da região apresentam crescimento da população rural a taxas menores que zero. Alguns municípios já começam a apresentar leve decréscimo de crescimento da população urbana entre 1991 e 1996. Os centros Pato Branco e Francisco Beltrão, com crescimento urbano de 2,86%a.a e 2,64%a.a, respectivamente, são os únicos da região com crescimento da população total superior ao da média paranaense, desde 1970.
A região tem um perfil econômico especializado numa produção agropecuária de numerosos pequenos e médios produtores diversificados e com utilização intensiva de mão-de-obra familiar. Produz com grande desvantagem comparativamente a outras regiões do estado, já que seu relevo é mais acidentado e seu clima mais frio.
Em quase todos os municípios do Sudoeste (e na maioria dos municípios predominantemente agrícolas do PR) a população total vem caindo desde os anos 70. Pode-se supor que o número de trabalhadores ativos diminui correspondentemente. Portanto, se o valor adicionado per capita tivesse permanecido constante nos municípios analisados, o valor adicionado total por município deveria cair, devido simplesmente à diminuição do número dos trabalhadores. Os cálculos do estudo sobre as supostas “perdas” deveriam ser baseados no valor adicionado per capita e não no valor adicionado total.

c) conclusões

1. Levando em conta a inflação dos últimas décadas. nos casos em que e indispensável calcular perdas e ganhos e valores absolutos, torna-se necessário construir um deflator específico que considere, inclusive, a variação dos preços relativos dos produtos que, no caso dos agrícolas, são marcantes. Portanto, valores monetários absolutos, como os R$ 5,6 bilhões de prejuízo aos municípios no período de fechamento da Estrada do Colono, apontado pelo estudo em questão, devem ser interpretados como instrumentos de pressão política e não podem ser tomadas como verdadeiros.
2. Para construir esta fantástica cifra, o estudo considerou que o fechamento da estrada afetava de modo generalizado as regiões Oeste e Sudoeste, mas desagregou os municípios, agrupando-os em 10 diferentes categorias. Com isso, afastou os municípios que tiveram resultados positivos ao longo do período e isolou apenas aqueles que apresentavam maiores resultados negativos ao longo dos anos em que a Estrada do Colono esteve fechada. Para calcular os prejuízos, porém, reagrupou-os novamente e utilizou uma taxa social de desconto de 10% ao ano. Isto significa que aos hipotéticos prejuízos anuais, estabelecidos com base na diferença entre valor projetado e realizado, foram acrescentados 10% ao ano, ao longo de 10 anos, chegando, assim, a R$5,6 bilhões.
3. Do mesmo modo, embora o estudo aponte apenas quatro pequenos municípios como diretamente afetados pela estrada, considera a população de todos os municípios das regiões Oeste e Sudoeste afetadas pela estrada, muito embora a maioria absoluta dela não dependa em nada do trecho em questão. Mais uma vez, trata-se de argumento tendencioso e, desta vez, com caráter visivelmente eleitoreiro.
4. A queda da importância da agricultura no Valor Adicionado verifica-se em todos os municípios e no total do Paraná porque os outros setores da economia (comércio, indústria e serviços) vem ganhando peso relativo na estrutura econômica do estado. ou seja, crescem mais que a agricultura, que passa a ter menos peso relativo. Essa situação não foi considerada pelo estudo.
5. Os efeitos das oscilações da agricultura nas demais atividades da região Sudoeste não foram levados em conta.Como a agricultura está sujeita a oscilações freqüentes, em virtude de variações climáticas, alterações na demanda, preços etc. – esses municípios costumam apresentar grandes diferenças anuais de valor adicionado.
6. Por suas características econômicas, a região Sudoeste é, atualmente, uma região em processo de esvaziamento e isso não foi tomada em conta para nenhum dos cálculos realizados.
7. Para avaliar os reais prejuízos causados pelo fechamento da Estrada do Colono seriam necessários responder, primeiramente, a algumas questões básicas, para definir que parte da variação do Valor Adicionado dos municípios em questão poderia ser atribuída ao fato. Tais questões podem ser assim resumidas:

- Quais eram as condições técnicas de tráfego da Estrada do Colono – era pavimentada ou não, havia acidentes geográficos de difícil transposição etc.?
- Qual era a intensidade do tráfego de veículos?
- Que tipos de veículos trafegavam pela Estrada do Colono?
- Quais eram os setores econômicos, de quais municípios, que dependiam do transporte
pela Estrada do Colono?
- Qual era a proporção da produção destes setores que era transportada pela Estrada do Colono?
- Qual era a importância do transporte de passageiros?

A falta de qualquer indicação sobre estes e outros aspectos eventualmente importantes constitui também uma omissão grave, pois deixa sem fundamento comprovado a importância única que o estudo atribui ao fechamento da Estrada na redução do valor adicionado para alguns municípios da região, após 1986.
8. Segundo dados da Polícia Florestal do Paraná, o trânsito de veículos na Estrada do Colono, no período de 8 a 18 de julho de 1986 foi de 767 veículos (média diária de 76,7 ao dia), com as seguintes características: 190 ônibus, 80 caminhões, 437 automóveis, 50 caminhonetes e 10 veículos de outros tipos. Considerando-se as características da economia regional, o transporte da produção agrícola em caminhões teria o maior peso e o número, ainda assim é insignificante: 8 caminhões por dia.
9. O estudo não poderia deixar de avaliar a importância relativa da rodovia na economia do município. Capanema possui ligações rodoviárias com outros municípios, entre eles Francisco Beltrão e outros, e até mesmo com a Argentina, via Santo Antônio do Sudoeste. Portanto, a variação do Valor Adicionado de Capanema, e dos demais municípios, também sofre outras influências, além do funcionamento da Estrada do Colono.

Assinam este documento:
ADEAFI (Associação de Defesa e Educação Ambiental de Foz do Iguaçu)
Amigos do Parque

Texto publicado no site: wwwbocamaldita.com


12 comentários:

  1. CONCORDO PLENAMENTE CONTIGO, ANDRÉ!
    NÃO É NECESSÁRIO DESTRUIR MAIS UM ECOSSISTEMA EM FUNÇÃO DO CAPITALISMO. O PARQUE DEVE SER PRESERVADO PARA FUTURAS GERAÇÕES OU DESTRUIREMOS O PLANETA EM POUCOS ANOS. NÃO É JUSTO QUE O EGOÍSMO DESTA GERAÇÃO IMPEÇA NOSSOS FILHOS E NETOS DE PRESTIGIAR A OBRA DE DEUS- NOSSA LINDA NATUREZA.
    O QUE DIRIAM AS MILHÕES DE PESSOAS QUE VOTARAM PARA QUE AS CATARATAS FOSSEM ELEITAS UMA DAS SETE MARAVILHAS DA NATUREZA???
    NÃO FAZ SENTIDO QUE SEJA ABERTO ESTE CORREDOR DOS INSENSATOS!!!

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  2. ANDRE ALLIANA Pres. da ADEAFI12 de novembro de 2011 às 11:32

    Vejam algumas das materias da repercussão da minha fala na Audiencia Publica de Serranópolis do Iguaçu.
    http://oestadodoparana.pron.com.br/politica/noticias/52877/?n=maioria-dos-moradores-aprova-reabertura-da-estrada-do-colono

    http://www2.oparana.com.br/cidades/ambientalista-e-vaiado-durante-audiencia-4829/

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  3. Dyonatha König (@dyonathakonig)12 de novembro de 2011 às 12:00

    legal da sua parte defender o meio ambiente.. mas deveria começar a defender o meio ambiente das cataratas do iguaçu que tem um hotel no meio de uma floresta, lanchonetes,asfalto,carros,e animais morrendo de colesterol pela comida que os turistas dão para eles.. tantas coisas..
    e você vem aqui ser contra a abertura da estrada parque que visa melhorar o município e a região, eu estava na audiência, e você disse no seu "discurso" que vai queimar gasolina e tudo mais abrindo a estrada por causa do grande movimento que terá.. mas espera aí, com a estrada fechada o percurso de Capanema até Medianeira TRIPLICOU ou seja três vezes mais gasolina e gases sendo queimado.. meio ambiente três vezes mais prejudicado.
    Li seu blog e achei interessante essa parte (Os parques nacionais são áreas públicas destinadas à conservação da biodiversidade. São áreas rigorosamente protegidas, que pertencem a todos os brasileiros. Guardam a memória das florestas que estão desaparecendo e, por isso, têm enorme importância como banco genético de milhões de espécies. São fundamentais para abrigar a fauna ameaçada de extinção exatamente pela destruição de seus habitats. Guardam a memória de outros tempos da vida sobre a Terra e, por isso, são a melhor herança que se pode deixar para as gerações futuras.) volto a falar sobre as cataras, não importa se é ponto turístico que gera milhões de reais por ano para o governo(ops, está aí o dinheiro todo que gera lá dentro), quero que fique claro já que no trecho que você comenta sobre a importância do cuidado que devemos ter com a fauna e a flora e certamente com o habitat de cada animal, mas espera os humanos estão invadindo o habitat natural dos quatis(relatos eles porque eles sempre se encontram presentes na trilha das cataratas e onde para ter sido feito essas trilhas certamente foi desmatada uma área e muitas outras para por toda a estrutura das cataratas.) Volto a falar sobre a abertura da estrada parque, no mesmo trecho do texto você comenta sobre a historia da mata e certamente sobre a memória de cada cidadão e que ela PERTENCE a todos os brasileiros, a então "denominada" estrada do colono vem desde 1925 aonde na mesma passou a coluna prestes que um marco muito importante na história do Brasil.. e cada cidadão que passou com sua família na estrada mas principalmente os serranopolitanos que tem uma memória linda e cheia de história sobre a estrada do colono, eles guardam a memória de bis avos, avós, pais, e a dele mesmo.

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    1. Uma questão: Não há nenhum estudo científico de meu conhecimento que afirma que o percurso utilizado pela Coluna Prestes deu origem a Estrada do Colono. O que existem são evidências que a Coluna atravessou a região de floresta que existia onde hoje é o Parque Nacional. Peço que me enviem a referência que confirme essa afirmação caso ela exista. Abs!

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  4. Andre Alliana Pres. da ADEAFI13 de novembro de 2011 às 19:31

    Um dos argumentos muito utilizado por quem defende a estrada do Colono é o fato do Parque ter a estrada que leva até as cataratas.
    Primeiro quem defende uma não pode criticar a outra, pois seria uma grande incoerência. É o mesmo que justificar que vai matar alguém por que em outro local alguém também já matou.
    Quero admitir como já fiz na audiência, que a proposta de reabertura de hoje é muito diferente da inicial, exatamente por pressão do movimento ambiental. Se não fosse isso a Estrada já estaria aberta dia e noite para todo tipo de veículo e provavelmente com largas pistas asfaltadas.
    Quanto a existência de Hotel e da estrada nas cataratas, acho que no trajeto da entrada até as cataratas deveria ser feito por ônibus elétricos e que o Hotel deveria ser um belo espaço de visitação com museu da história natural da região etc...
    Todos sabem que as Cataratas e sua estrada de visitação estão no extremo sul do parque enquanto a Estrada do Colono praticamente corta o parque ao meio. E isso é uma grande preocupação.
    Assim como não reconheço outro discurso pró natureza a não ser a economia de petróleo que a estrada traria a quem não precisa dar a volta.
    Alguns podem achar que tem a infelicidade de ser visinho de um parque nacional e ter que arcar com o “ônus” disso, a exemplo da volta a ser dada ou da restrição de plantio na zona de amortecimento.
    Eu prefiro ver o Bônus disso na preservação da biodiversidade e na qualidade de vida dos atuais e futuros habitantes agraciados com toda essa exuberância.

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  5. Tú tá por fora cara, aonde que havia matança de especies com a estrada, hoje a caça é livre, e os poucos guardas mal remunerados não dão conta, vide a escasses de alimento no interior do parque por isso os animais silvestres invadem as lavouras e destroem o trabalho dos colonos remanescentes..isso tudo o que tú colocou justifica-se por que possue uma ong remunerada com dinheiro público e de interesses estranjeiros para frear o desenvolvimento do Brasil, ou seja SrAndré Alliana, tú defende essa láia e não os interesses do meio ambiente e do Brasil..vaia foi pouco, deveria ter sido arremesso de ovo podre....

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  6. tem pessoas "Ambientalistas" que não pensa no desenvolvimento de uma região, na historia que é essa estrada para pessoas que ha muitos anos passaram nela e dependiam dela pra sobreviver...pensam que o planeta vai acabar por uma estrada no meio da floresta, e sera que vocês estão fazendo a sua parte de na conservação do planeta??? estão separando o lixo nas suas residencias? estão ajuntando uma embalagem de plastico quando veem caído na rua e jogando em uma lixeiro, estão comprando carros que poluem menos o meio ambiente? estão parando de fumar pensando fumaça que sai do cigarro e vai pra meio ambiente, sem contar a bituca que é simplesmente jogada no chão se se preocupar se esta apagada ou não.
    Então por que vocês não pedem pra fechar a estrada que dá acesso as Cataras do Iguaçu!? dai "vocês" vão toda vez de helicóptero pra ver as quedas d'água

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  7. Enquanto ficamos discutindo a questão do Parque Nacional do Iguaçu, estamos cegos com relação a falta de investimento por esta concessionária que ganha bilhões com a exploração do nosso patrimônio natural.
    Onde estão os investimentos com a preservação da natureza dentro do PNI e no seu entorno?
    O que a sua ONG vem fazendo em defesa do meio ambiente das cidades do Oeste do PR? Que estão acabando com as nascentes, não gerenciam seu lixo e esgoto, não investem em transporte público de qualidade e menos poluentes, não conhecem uma ciclovia e pior, tem um Instituto Ambiental do Paraná que libera todo tipo de destruição da natureza em nome do capitalismo desenfreado de alguns poucos empresários que estão engolindo as cidades com seus empreendimentos, loteamentos irregulares, empresas, postos de combustíveis, lavacar que despejando esgoto direto nos rios, aterram as nascentes, desmatam bosques e matas ciliares.
    Por que estamos todos cegos com relação a estas questões?
    Ninguém questiona, ninguém faz nada.
    Ou temos medo de perder as amizades e as vantagens?!

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  8. Concordo que as cidades afetadas pelo fechamento da estrada deveria ser compensadas economicamente recebendo algum tipo de Royalties da entrada do Parque.
    Quanto ao que fazemos na região vou mencionar apenas um projeto nosso que se tornou realidade: O COLETA SOLIDÁRIA.
    Pra quem não sabe a ADEAFI tratava do assunto desde 2001 e em 2003 levou o projeto pra Itaipu que passou a financia-lo. Hoje alem da Itaipu o projeto recebe ajuda do BNDES, Banco do Brasil, Etc...
    Quanto estar cego as outras questões acho que uma boa leitura desse blog responderá sua indagação.

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  9. Contrária à abertura do Caminho do Colono, Rosane pretende levar proposta ao plenário da Câmara








    Com o único voto contrário da Deputada Federal Rosane Ferreira (PV-PR), a comissão especial criada para analisar a construção da Estrada-Parque Caminho do Colono aprovou o relatório que autoriza a abertura da estrada, no oeste do Paraná, cortando ao meio o Parque Nacional do Iguaçu.

    O PL 7123/2010 aprovado tramitava em caráter terminativo na comissão especial, sem necessariamente ir para apreciação em plenário. “Agora, vamos nos valer de um recurso regimental para levar o projeto para votação no plenário da Câmara”, adiantou a Deputada Rosane.

    Para ela, "além de ser um retrocesso ambiental, interrompendo a recomposição da floresta de Mata Atlântica, o projeto abre um perigoso precedente para que outros parques nacionais sejam modificados".

    Para ler a matéria na íntegra, acessar:
    http://www.rosaneferreira.com.br/site/ver.php?id=446&grupo=1

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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