quinta-feira, 7 de abril de 2011

Melhor cumprir as recomendações da OEA - por Zé Dirceu

zé dirceu - um espaço para discussão no brasil

Não adianta o nosso governo, via Itamaraty, considerar "precipitada e injustificável" a decisão da Organização dos Estados Americanos (OEA) - leiam nota acima - de pedir a suspensão das obras da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA). Tampouco, justificar que esperava poder debater mais a questão antes da decisão da Organização.

Ainda que tenhamos de reconhecer seu caráter inédito, fora da tradição da OEA, e que as decisões ambientais e administrativas a respeito da hidrelétrica cabem à Justiça brasileira, o fato é que o pedido, decidido em sua sede em Washington (DC), deve servir de alerta ao país e ao nosso governo.

Deve funcionar como mais um lembrete sobre as implicações internacionais de decisões que afetam o meio ambiente e as populações indígenas no Brasil. Não basta o nosso país e seu governo protestarem e se indignarem. Precisamos mostrar as medidas que tomamos e disputar primeiro o entendimento, depois a aprovação da opinião pública internacional à obra.

A reação do governo brasileiro lembra um pouco aquela história de uma greve de ferroviários por atraso de salários em Minas, quando Milton Campos governava o Estado (1947-1951). Um secretário mais prestativo aproximou-se do governador e sugeriu-lhe enviar as tropas para reprimir o movimento. O governador respondeu: "acho melhor mandar o trem pagador com os salários".

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