quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Meu Deus! As previsões estavam corretas.

Andre Alliana
O IPCC - Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas da ONU, que congrega 2500 cientistas de 130 países, revelou, no início de fevereiro de 2007, que já havíamos chegamos aos limites do que pode suportar o nosso planeta. A Terra vai, irremediavelmente, viver um aumento de temperatura entre 1,8 e 6 graus Celsius. As conseqüências sobre a biodiversidade serão devastadoras. Milhões e milhões de pessoas correm sérios riscos devido às perdas nas colheitas, através de secas ou de inundações provocadas pela subida das águas dos oceanos. Os desequilíbrios provocados pelo aquecimento da Terra podem levar entre 1 e 3,2 bilhões de pessoas a sofrerem com a falta de água, alertou o IPCC.
Dos mais de 180 países com população vivendo em regiões costeiras de baixa altitude, cerca de 70% possuem áreas urbanas com mais de 5 milhões de pessoas, incluindo Tókio, Nova York, Mumbai (Índia), Xangai (China), Jacarta (Indonésia) e Dacca (Bangladesh). No total, 634 milhões de pessoas moram nas zonas de risco regiões com menos de 10 metros de altitude e esse número está crescendo, diz o estudo da ONU.
A UNCCD - Convenção das Nações Unidas de Combate a Desertificação avalia que a ocupação desordenada seguirá no ritmo da escassez, e cerca de 135 milhões de pessoas (o equivalente às populações da França, Itália, Países Baixos e Suíça juntas) serão obrigadas a abandonar as suas propriedades. A África é o continente mais atingido, porem 16% do território brasileiro também foi condenado à improdutividade, em especial nos biomas do Cerrado e da Caatinga. 
Acreditar que, por vivermos no chamado paraíso sul - brasileiro não seremos afetados é um grande equivoco, alem da mudança no nosso clima, sofreremos diretamente a pressão de uma explosão demográfica resultante da realocação dos exilados climáticos.
Nesta semana o INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais confirmou muita coisa que já sabíamos porem recusávamos a acreditar, o Brasil será cada vez mais afetado pelos resultados do aquecimento global.
Este ano as notícias de desmoronamentos nas regiões serranas do Rio de Janeiro e do Paraná nos chocaram, já as constantes enchentes em São Paulo nem surpreendem mais, pois há tempos São Paulo não é mais a cidade da garoa.  Estamos cada vez mais habituados com o que acreditamos ser irremediável.
O que o INPE divulgou esta semana é que os estragos não só vão continuar como vão dobrar nos próximos 60 anos e serão cada vês mais intensos.
Com base em dados climáticos das últimas décadas, pesquisadores constataram que o aumento da temperatura do Atlântico no Hemisfério Sul e o resfriamento do Pacífico equatorial devem ampliar a ocorrência de fenômenos climáticos intensos. Nas regiões litorâneas, a ocorrência de eventos climáticos severos deve triplicar até 2070.
"O aumento da ocorrência de tempestades nessas cidades pode acontecer ainda mais cedo, caso o aquecimento global se intensifique", alertou o pesquisador Osmar Pinto Júnior, coordenador do grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do INPE, que apresentou estudo, nesta segunda, na 14ª edição da Conferência Internacional sobre Eletricidade Atmosférica, no Rio de Janeiro. A pesquisa foi realizada em parceria com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE).  (Estadão)
O que mais surpreende em tudo isso, é que apesar das comprovações cientificas irrefutáveis, a nossa sociedade não consegue mudar de atitude de forma a frear a catástrofe anunciada.
Os governos, pressionados e comprometidos com o interesses econômicos imediatos das grandes corporações, não conseguem criar e muito menos implementar políticas e legislações que mudem drasticamente o nosso modo de produção e consumo.

*artigo publicado simultaneamente no Jornal Gazeta do Iguaçu e no programa CBN/Ecologia da Rádio CBN/FOZ

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