Uma lição a ser aprendida
A morte de Juma, a onça-pintada que
participou de uma cerimônia com a tocha olímpica em Manaus-AM na segunda-feira 20 de junho de 2016, revela o drama de uma
espécie ameaçada de extinção e gera questionamentos sobre a manutenção de
animais selvagens.
A onça em questão era "mascote" do CIGS
(Centro de Instrução de Guerra na Selva . Este foi o primeiro erro. A
falta de respeito à natureza selvagem de um grande felino.Onças não são "mascotes"...não devem ser tratadas como animais
de estimação!
Muitas onças, como Juma, se tornam
mascotes dos batalhões e passam por sessões de treinamento. Em Manaus, os
felinos são presença frequente em desfiles militares, prática condenada por
biólogos e veterinários.
Juma foi levada, na coleira para a cerimônia
da Tocha Olímpica no CIGS. Um equívoco gigante! Retirar o animal de seu
recinto, onde ele estava habituado e provavelmente se sentia seguro, e levá-lo
na coleira para uma cerimônia é um stress absurdo para um grande felino.
Depois da passagem da tocha olímpica a onça ficou nervosa e durante a crise de estresse causado pelo barulho, pessoas por perto e o fogo a onça se soltou na volta para o recinto, mas poderia ter escapado no meio da cerimônia, e agora teríamos, talvez também, pessoas mortas ou feridas,
Isso é um desrespeito, é transformar a
cerimônia, literalmente, em um circo. E circos com animais não deveriam
existir. Especialmente um circo administrado pelo exército.
E hoje uma foi abatida porque algumas pessoas sem
noção, sem respeito e sem um mínimo de profissionalismo decidiram que ela
deveria fazer parte de um show.
A morte desta onça não foi um acidente. Foi a
consequência de uma decisão absurda tomada por quem deveria ser responsável
pela segurança e bem-estar deste animal.
Extinção
O destino trágico de Juma chama a
atenção para a situação cada mais precária da espécie.
No Brasil, a Onça-Pintada é listada
pelo IBAMA desde 2003 como ameaçada de extinção. Globalmente é classificada pela IUCN - União Internacional para a conservação da Natureza desde 2008 como “quase ameaçada”.
A conversão de seu habitat natural para atividades agropecuárias é a principal causa da redução de 50% de sua distribuição original, sendo que a espécie foi extinta em dois (Uruguai e El Salvador) dos 21 países em que ocorria historicamente.
A onça-pintada é legalmente protegida na maioria dos países que compreendem a sua distribuição – somente na Bolívia a caça ainda é permitida; e a espécie não tem nenhuma proteção legal no Equador e Guiana.
A conversão de seu habitat natural para atividades agropecuárias é a principal causa da redução de 50% de sua distribuição original, sendo que a espécie foi extinta em dois (Uruguai e El Salvador) dos 21 países em que ocorria historicamente.
A onça-pintada é legalmente protegida na maioria dos países que compreendem a sua distribuição – somente na Bolívia a caça ainda é permitida; e a espécie não tem nenhuma proteção legal no Equador e Guiana.
A Lição
Esperamos que ao menos, o legado de esse triste episódio, seja o de que
o ser humano passe a utilizar a inteligência que, teoricamente, o diferencia das
demais classes de animais, para refletir sobre a situação e que isso nos faça
rever as condutas hoje utilizadas em locais como o CIGS.
Acredito que, no caso específico dos militares brasileiros, que a
vergonha dessa tentativa desastrada de chamar a atenção num evento das
olimpíadas, com uma onça, os façam mudar os procedimentos de uso e manuseio
desses e outros animais selvagens. Evitando atividades que visem domesticá-los,
treiná-los ou expô-los a situações de stress desnecessários.
Trágica ironia, a onça é a mascote do time do Brasil. |
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