terça-feira, 21 de junho de 2016

O LEGADO DA ONÇA JUMA


Uma lição a ser aprendida



A morte de Juma, a onça-pintada que participou de uma cerimônia com a tocha olímpica em Manaus-AM na segunda-feira 20 de junho de 2016, revela o drama de uma espécie ameaçada de extinção e gera questionamentos sobre a manutenção de animais selvagens.

A onça em questão era "mascote" do CIGS (Centro de Instrução de Guerra na Selva . Este foi o primeiro erro. A falta de respeito à natureza selvagem de um grande felino.Onças não são "mascotes"...não devem ser tratadas como animais de estimação!

Muitas onças, como Juma, se tornam mascotes dos batalhões e passam por sessões de treinamento. Em Manaus, os felinos são presença frequente em desfiles militares, prática condenada por biólogos e veterinários.

Juma foi levada, na coleira para a cerimônia da Tocha Olímpica no CIGS. Um equívoco gigante! Retirar o animal de seu recinto, onde ele estava habituado e provavelmente se sentia seguro, e levá-lo na coleira para uma cerimônia é um stress absurdo para um grande felino.

Depois da passagem da tocha olímpica a onça ficou nervosa e durante a crise de estresse causado pelo barulho, pessoas por perto e o fogo a onça se soltou na volta para o recinto, mas poderia ter escapado no meio da cerimônia, e agora teríamos, talvez também, pessoas mortas ou feridas,


Isso é um desrespeito, é transformar a cerimônia, literalmente, em um circo. E circos com animais não deveriam existir. Especialmente um circo administrado pelo exército.


E hoje uma foi abatida porque algumas pessoas sem noção, sem respeito e sem um mínimo de profissionalismo decidiram que ela deveria fazer parte de um show.

A morte desta onça não foi um acidente. Foi a consequência de uma decisão absurda tomada por quem deveria ser responsável pela segurança e bem-estar deste animal. 

 Extinção


O destino trágico de Juma chama a atenção para a situação cada mais precária da espécie. 
  
No Brasil, a Onça-Pintada é listada pelo IBAMA  desde 2003 como ameaçada de extinção. Globalmente é classificada  pela IUCN - União Internacional para a conservação da Natureza desde 2008 como “quase ameaçada”.

A conversão de seu habitat natural para atividades agropecuárias é a principal causa da redução de 50% de sua distribuição original, sendo que a espécie foi extinta em dois (Uruguai e El Salvador) dos 21 países em que ocorria historicamente.

A onça-pintada é legalmente protegida na maioria dos países que compreendem a sua distribuição – somente na Bolívia a caça ainda é permitida; e a espécie não tem nenhuma proteção legal no Equador e Guiana.


A Lição


Esperamos que ao menos, o legado de esse triste episódio, seja o de que o ser humano passe a utilizar a inteligência que, teoricamente, o diferencia das demais classes de animais, para refletir sobre a situação e que isso nos faça rever as condutas hoje utilizadas em locais como o CIGS.

Acredito que, no caso específico dos militares brasileiros, que a vergonha dessa tentativa desastrada de chamar a atenção num evento das olimpíadas, com uma onça, os façam mudar os procedimentos de uso e manuseio desses e outros animais selvagens. Evitando atividades que visem domesticá-los, treiná-los ou expô-los a situações de stress desnecessários. 
Trágica ironia, a onça é a mascote do time do Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário