quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA

Andre Alliana
O Programa Cultivando Água Boa da Itaipu Binacional realiza hoje o seu 9º encontro anual.  Mais que um encontro de discussão das políticas ambientais da Itaipu, o encontro se tornou um momento de reflexão coletiva sobre como queremos que nossa região se desenvolva.
O encontro é um espaço para discussão dos mais de 20 subprogramas e, 65 ações ambientais realizadas nos 29 municípios da Bacia do Paraná 3, além de alguns outros municípios que também passaram a fazer parte de algum programa ambiental da Itaipu Binacional.
O encontro, na verdade, além de um momento de reflexão, é também um momento de discussão coletiva dos encaminhamentos de cada uma das ações e o replanejamento das ações futuras. Essa discussão coletiva da Itaipu com toda a sociedade, é ao mesmo tempo um feedback fundamental para a avaliação dos gestores como principalmente o empoderamento pela sociedade de uma ação que poderia ser meramente governamental.
Nesse ano, outro foco que norteará as discussões é a realização em junho do ano que vem da Rio+20, e com ela, as discussões da erradicação da pobreza e a economia verde, ou seja, é a efetivação do discurso de ação local com visão global. 
A erradicação da pobreza é um dos norteadores da gestão da nova presidente do Brasil, Dilma Roussef A economia verde é uma exigência da sobrevivência humana no planeta, que não suporta mais nosso modo de produção e consumo.
Quando as primeiras ações do programa Cultivando Água Boa começaram a ganhar formato em 2003, muitos acreditaram que não passava de mais um projeto político e até eleitoreiro de seus idealizadores, pois até então a Itaipu Binacional não tinha como hábito interagir de tal forma com a grande maioria dos envolvidos.
Para melhor compreensão da magnitude disso, vou abordar apenas um aspecto de um dos 20 programas: o Coleta Solidária
  Quando no passado, um catador de materiais recicláveis, que vivia absolutamente a margem da sociedade, iria imaginar que a Itaipu Binacional iria passar a colocar toda sua expertise, envolvida no desenvolvimento e fabricação de inúmeros carrinhos de tração humana e, posteriormente carrinhos elétricos especialmente projetados e construídos para atender as necessidades desses catadores.
Esse mesmo catador também não poderia imaginar que além dos carrinhos, a Itaipu iria se preocupar com a exploração de mão de obra desses trabalhadores por terceiros, vindo a incentivar a organização de associação e cooperativas de catadores, para que estes fossem donos do seu negócio e que este negócio tivesse formatação de grande empreendimento econômico.
Hoje, tão frágil situação desse trabalhador conta com apoio de diversos técnicos, disponibilizados não só pela Itaipu, como também outras ONGs que recebem apoio  da Itaipu, a exemplo do Instituto Lixo e Cidadania e o Movimento Nacional os Catadores de Materiais Recicláveis.
Lembrando que o Coleta Solidária é apenas um dos menores dos muitos subprogramas e ações do Cultivando Água Boa.
 De todas as ações da Itaipu Binacional no âmbito do Programa Cultivando Água Boa, o bem mais cultivado e que melhores frutos está rendendo, é a transformação da compreensão das pessoas envolvidas no processo de comprometimento com a sustentabilidade ambiental e social.
Essa transformação não se faz do dia pra noite, ali se vão nove anos de gradativo crescimento coletivo Ainda é pequeno o numero de pessoas que reproduzem esse comprometimento, mas esse pequeno número de convencidos é na verdade as primeiras sementes cultivadas por este programa, e serão elas que germinarão e frutificarão, criando uma nova geração, até o dia em que a tão sonhada geração sustentável tenha tomado conta da sociedade.

Andre Alliana, é ex-Secretário Municipal do Meio Ambiente de Foz do Iguaçu, já foi membro titular do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA e Presidente -Sul da ANAMMA - Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente.
Dúvidas ou sugestões: naturalmenteambiental@gmail.com

Ps. Artigo publicado também no Jornal a Gazeta do Iguaçu de 24/11/2011 

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