sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Estrada do Colono e as diferentes visões

 Na semana passada, estive em Serranópolis do Iguaçu, participando da Audiência Pública da Câmara Federal, para discutir o Projeto de lei 7.123/2010 do Deputado Assis do Couto. A proposta cria a estrada-parque “Caminho do Colono”, no Parque Nacional do Iguaçu.
O Deputado Federal Eduardo Sciarra como presidente da Comissão Especial que vai analisar o projeto, coordenou a audiência que contou ainda com a presença do relator, o Deputado Nelson Padovani e do Deputado Dilceu Sperafico.
Alem deles, a audiência publica contou também com a presença de diversos prefeitos e vereadores da região, do Bispo Emérito de Foz do Iguaçu Dom Laurindo Guizardi, além de lideranças e moradores do município.
Como atual presidente da ADEAFI – Associação de Defesa e Educação Ambiental de Foz do Iguaçu tinha obrigação de participar, pois foi a ADEAFI que, em 1986  provocou o fechamento daquela estrada, via judicial.
Como já era de se esperar, naquela localidade, fui o único que se manifestou contrário à reabertura da estrada, apresentando justificativas ambientais irrefutáveis.
De lá pra cá, muitos foram os apoios e as criticas da posição da ADEAFI.
O que precisa ser esclarecido, é  que cada um tem o seu papel na sociedade e cabe exatamente as ONGs ambientais fazer o enfrentamento a toda e qualquer ação, que potencialmente pode causar algum dano ao meio ambiente.
Nesse sentido, é fundamental que os diversos setores da sociedade apresentem sua visão.
Uma organização econômica vai tender a priorizar a importância econômica de determinado fato, assim como um representante eleito de uma determinada organização política vai priorizar o interesse de seus representados. Ou seja, para uma ONG Ambiental, as ameaças ao meio ambiente têm naturalmente mais peso que um argumento econômico.
Deixo isso bem claro, até para diferenciar a minha posição como dirigente de uma ONG ambiental, da que defendo como cidadão comum e também como profissional da área ambiental.
Do ponto de vista de um Deputado, ou prefeito eleito com os votos de moradores de cidades onde a maioria deseja a abertura da Estrada, eles têm praticamente a obrigação de defender esses interesses.
Os demais representantes da classe política brasileira, tem a obrigação de refletir sobre o tema não sob a ótica de quem vive, ou  depende da região, mas sim com o olhar de quem vê o Brasil como um todo, e nesse aspecto, talvez optem por defender a preservação integral de um Patrimônio Natural da Humanidade, justamente por ser a maior e mais importante área de conservação da nossa mata atlântica. 
Como atual presidente da ONG continuarei defendendo a não reabertura da estrada, da mesma forma que defendo uma compensação aos municípios prejudicados economicamente, a exemplo dos royalties da Itaipu.  Esses royalties seriam oriundos dos recursos recebidos no pagamento da visitação no Parque Nacional. A distribuição teria que avaliar aspectos não só de área florestada, mas principalmente, danos econômicos e sociais causados, coisa que não foi avaliada nos royalties da Itaipu.
Como cidadão comum e profissional da área ambiental admito que a proposta apresentada avançou bastante em vista das iniciativas passadas. O projeto prevê o não funcionamento da Estrada no período noturno, a proibição de circulação de veículos de carga e de transporte coletivo e que a mesma não seja asfaltada, mas executada com técnicas que possibilitem a permeabilidade do solo sob a estrada.
Acredito que muito ainda se pode propor para evitar ao máximo os prejuízos óbvios que a mesma trará a fauna e a flora daquela região do Parque Nacional.
Uma coisa é certa sem o contra ponto das ONGs ambientais, não teríamos mais o bioma da mata atlântica e o bioma amazônico pouco teria sobrado.
O desejo imediato de crescimento econômico infelizmente move os homens da atualidade, assim como o desejo pela sobrevivência moverá os homens do futuro a lutar com todas as suas forças pela recuperação ambiental.
Vemos a luta dos interesses do presente em disputa com os interesses do futuro, e como ninguém do futuro vem para lutar agora, obviamente perdem essa luta insana.


Você quer que seja abordado algum tema ambiental específico?
Mande suas dúvidas ou sugestões para o e-mail: naturalmenteambiental@gmail.com
                                                     
Andre Alliana, é o preside a ADEAFI – Associação de Defesa e Educação Ambiental de Foz do Iguaçu e atua como Consultor, Gestor e Perito Ambiental.

3 comentários:

  1. Esse meu artigo saiu publicado hoje no Jornal A Gazeta do Iguaçu na página 12.

    ResponderExcluir
  2. Vejo que a estrada aberta seria uma economia de tempo, porém, até onde vale a pena economizar tempo e desperdiçar vidas! Deixa FECHADA!

    ResponderExcluir
  3. Não entendi sua colocação Marcos, como perder vidas? acho que ou vc conhece pouco a Hist´ria desta estrada , ou vc ainda é muito jovem! Esta Estrada sempre contribuiu para o desenvolvimento de toda esta região.Ajuda Cara, Esta Estrada pertence ao Povo do Paraná!!!!!! Grande Abraço.

    ResponderExcluir