quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A cidade do Lixo

A regra é bem simples: ou o poder público faz ou o poder público manda fazer e fiscaliza
Notïcias de Foz do Iguaïçu, PR



Eu, como sabem, sou defensor de que, principalmente em algumas áreas estratégicas, se faça, ao invés de se mandar fazer.
No entanto, há uma lógica embaçada nas administrações públicas por todo o país - salvo exceções, é claro -, levando gestores a optarem desenfreadamente pela terceirização.

Com um discurso de reduzir custos ou melhorar o “caráter técnico”, as prefeituras de todo o país colocam nas mãos de empresas privadas a gestão de serviços públicos essenciais à população, como transporte em massa e limpeza pública.

Tais empresas - sendo empresas - funcionam pela lógica privada (lucro) e não pela lógica do Estado (assistência de qualidade). E não julgo como errada a visão empresarial, pois empresas são feitas para dar lucro.

Mas se beneficiar através da desgraça do povo, aí não.

Em Foz, dois exemplos são relevantes: o transporte público e a limpeza urbana.

O transporte, tema comum em nossa coluna, é o maior e mais grave problema da cidade e o que afeta a vida de mais pessoas. Já apresentamos aqui (e a cidade toda já apresentou) argumentos suficientes para qualquer ser humano com o mínimo de sensibilidade (excluo aqui as pessoas que operam esse sistema horroroso e também as pessoas pagas por nós para fiscalizar o transporte) julgar inadequado o serviço prestado pelas empresas de ônibus a Foz do Iguaçu. Mas vamos deixar o transporte para a semana que vem (com novidades!) e vamos falar da limpeza pública.

Vá à Avenida Brasil logo cedo. O que há por lá? Sujeira. Sujeira. Sujeira.

Muita sujeira.

Conversando com comerciantes e comerciários, descobri que a limpeza pública de Foz (terceirizada) deixa a desejar. Pela manhã, lixo e mais lixo se amontoa por todos os lados: nos pés das árvores, na calçada, no meio-fio, etc. As lixeiras, em sua maioria, estão distantes, em locais inadequados ou, como é comum, quebradas. O cidadão que optar por não jogar o lixo no chão, acaba ficando sem opção.

Uma pessoa que trabalha por ali me relatou já ter chamado, inúmeras vezes, a empresa responsável pela limpeza pública e sempre ouviu a mesma desculpa: “falta gente para trabalhar”. Ora, se “falta gente”, contrate. Para que recebem o dinheiro público? (veja a foto)

Nos finais de semana, o problema se agrava.

Ao ir à Feira da JK, no domingo pela manhã, fico a imaginar o que os turistas pensam de Foz ao ver aquela imundice por todos os lados e, quando chove, aí confesso ficar deprimido por ver minha cidade daquele jeito, sem ter para quem ligar, a quem recorrer.

Mas há algo mais: a população também anda bem porquinha.

Poderíamos amenizar o problema tomando algumas atitudes cidadãs, já que esperar pela empresa responsável pela limpeza não adianta. No pequeno vídeo abaixo, que fiz na esquina da Avenida Brasil com a Jorge Sanwais, em plena luz do dia, na janela do prédio, pode-se observar o tamanho da cara de pau da moradora. Veja lá:



Sendo assim, a combinação gente porca + prefeitura ausente + empresa contratada ineficiente gera esse espetáculo de horrores e sujeira, prejudicial ao turismo, a nossa imagem como cidade e, é claro, à vida dos cidadãos. Tomar providências não é um favor, é o mínimo.



 


* Luiz Henrique Dias é escritor, estudante de Administração Pública e diretor da Cia Experiencial O Teatro do Excluído. Siga ele no twitter: @LuizHDias ou acesse http://www.luizhenriquedias.com.br/





 A opinião emitida nesta coluna não representa necessariamente o posicionamento deste veículo de comunicação 

*Publicado Origináriamente no site Click Foz:

 http://www.clickfozdoiguacu.com.br/foz-iguacu-noticias/a-cidade-do-lixo

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